Qual o risco de contrair COVID-19 em viagens de avião?

Na hora de viajar de avião no período de pandemia da COVID-19 surge a preocupação. Vamos entender até onde ela é real!

A ideia de viajar em um tubo de metal fechado com várias pessoas no mesmo ambiente por horas pode gerar arrepios em algumas pessoas, ainda mais se lembrarmos da alta taxa de contágio da COVID-19. Fato é que os voos voltaram e estão ocorrendo ao redor de todo o globo, o que nos leva à questão: Qual o risco de contrair COVID-19 em viagens de avião? A resposta não é tão óbvia como podemos imaginar!

A qualidade do ar em aeronaves

Antes de mais nada é importante falarmos da qualidade do ar que circula no interior das cabines dos aviões de passageiros. Na realidade, o ar que respiramos no interior da aeronave tem uma qualidade elevada, sendo que todo o volume existente na cabine é constantemente renovado de maneira completa a cada 2 a 4 minutos!

O ar insuflado na cabine flui verticalmente, entrando pelas entradas de ar acima da cabeça dos passageiros e sendo empurrado para baixo. Atingindo o nível do chão, ele é então coletado pelo sistema de circulação do avião. Aproximadamente metade do volume de ar capturado é retirado da aeronave. A outra metade passa por um filtro HEPA (High Efficiency Particulate Arrestance), é misturado com o ar externo e injetado novamente na cabine.

Fluxo de ar na cabine de um avião

O filtro HEPA possui uma filtragem próxima da absoluta, contendo uma eficiência praticamente total na filtragem do ar,. Ele é capaz de eliminar 99,9% das impurezas (inclusive partículas do tamanho de um vírus), sendo utilizado inclusive em soluções hospitalares.

Aqui vale sempre a ressalva de que, por mais potente que o sistema de filtragem seja, ele não consegue evitar com 100% de eficácia que uma pessoa inale partículas de saliva ou aerossóis de outro passageiro antes dela ser filtrada. A movimentação de pessoas na cabine, por exemplo, pode alterar localmente o fluxo do ar que circula por lá.

Qual o assento mais seguro?

Ainda assim, o sistema continua sendo muito eficaz, pois torna bem improvável que um passageiro respire o mesmo ar que outra pessoa a algumas fileiras de distância.

Um estudo feito em 2018 pela Universidade Emory chegou à conclusão de que é altamente raro uma pessoa infectar passageiros a uma distância maior que dois assentos ou duas fileiras na frente ou atrás. Por outro lado, se você sentar ao lado de um passageiro contaminado, suas chances de contágio aumentam bastante, e chegam a cerca de 80%! Tudo isso, considerando um cenário em que ninguém esteja usando máscaras, é claro.

IMPORTANTE! Você pode entender mais sobre esse estudo e saber os assentos mais seguros para se escolher aqui: Saiba quais são os melhores assentos no avião para evitar infecções por vírus e bactérias

Alguns casos recentes

Em uma situação recente, cerca de 328 passageiros e equipe de bordo foram testados para o novo coronavírus após a informação de que um voo dos EUA para Taiwan, em 31 de Março, carregou 12 passageiros sintomáticos com COVID-19! No entanto, todos os passageiros e membros da companhia aérea que estiveram a bordo do voo testaram negativo.

Mas, muita calma antes de sair confiante de que não há riscos! Um estudo publicado recentemente na revista JAMA Network Open encontrou evidencias de transmissão do novo coronavírus durante um voo de 4 horas entre Tel Aviv e Frankfurt, também no mês de março. Dois passageiros desenvolveram a doença após viajarem com um grupo de turistas infectados no mesmo voo.

Os dois passageiros que possivelmente contraíram a doença no voo estavam sentados no fundo do avião exatamente do outro lado do corredor dos assentos em que estavam os sete passageiros que estavam contaminados (os sete passageiros não sabiam que estavam com o vírus).

Um outro voo entre o Reino Unido e o Vietnã, também no mês de março, é um dos únicos casos conhecidos em que houve uma transmissão mais ampla. Nesse caso, um único passageiro aparentemente contaminou 14 outros passageiros, e um membro da equipe de bordo.

Bom, o fato é que, segundo a revista JAM Network, até o mês de outubro de 2020 haviam apenas 42 casos confirmados de transmissão de COVID-19 em voos de avião em todo o mundo, o que é um número bastante pequeno! É menor inclusive do que os números encontrados numa pesquisa feita na China, a qual encontrou mais de 2.300 casos de contágio em trens de alta velocidade no país, ou o equivalente a uma taxa de 0,3% de todos os passageiros analisados.

Arnold Barnett, professor de Estatística no MIT Sloan School of Management, realizou uma pesquisa que analisou alguns voos domésticos nos Estados Unidos, em aviões muito comuns aqui no Brasil: com três assentos de cada lado do corredor (ex.: Airbus 320 e Boeing 737).

Segundo Barnett, o risco de contrair o vírus do COVID-19 com todos os passageiros usando máscaras é de 1 em 4.300 (aproximadamente 0,023%)! A probabilidade de contágio cai para 1 em 7.300 (aproximadamente 0,014%) caso os assentos do meio de cada fila estejam interditados.

Medidas preventivas para reduzir riscos de contágio

Já entendemos que o risco existe, mas não é tão alto como a maioria de nós imaginávamos! Agora, para terminarmos, vamos apresentar algumas medidas que você deve tomar para reduzir ainda mais as chances de infecção com o novo coronavírus na sua próxima viagem de avião:

Reduzindo riscos em viagens de avião

 

  • Manter-se todo o tempo com máscara de proteção;
  • Caso tenha um face shield, recomenda-se utilizá-lo para proteger os olhos também;
  • Não viajar se estiver se sentindo mal;
  • Manter distância de outras pessoas sempre que possível;
  • Comunicar a equipe de bordo caso veja que há algum passageiro que claramente não estar bem;
  • Orientar a abertura de ar acima de seu assento diretamente para a sua cabeça e mantê-la aberta no máximo;
  • Manter-se sentado se possível;
  • Seguir as orientações da equipe de bordo;
  • Lavar/higienizar suas mãos frequentemente;
  • Evitar tocar o rosto.
Comentários (2)
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  • cristina

    Muito obrigada pelas orientações, vou viajar em breve, já tinha pensado em tudo que foi mencionado aqui…Se puderem, falem em outra oportunidades dos cuidados que temos que ter no caminho ao aeroporto, e no próprio aeroporto.

    Muito agradecida

  • Edilton

    Estarei viajando no inicio de dezembro e essas dicas valeram muito apena.