A 137 quilômetros de Londres, um monumento de pedras em forma de círculo segue como enigma para os cientistas. A história e curiosidades sobre Stonehenge mostram a maior e mais bem conservada construção do Período Neolítico. Mostram, também, um dos monumentos mais visitados do Reino Unido. Mas, ainda não contam como foi construído, nem o real motivo pelo qual foi levantado, apenas teorias.
Stonehenge está localizada em Amesbury, condado de Wiltshire, no sudeste da Inglaterra e consta de um círculo de pedras construído, estimadamente, entre 3100 a.C. e 2075 a.C. O mistério em torno de sua construção, bem como sua grandiosidade levam mais de 1,3 milhão de turistas, todo ano, para visitação ao monumento. O fascínio sobre ele tão grande que já foi associado a personagens igualmente lendários, como Merlin, os druidas e Rei Arthur.
O fato é que Stonehenge configura-se como prova da Revolução Urbana pela qual os humanos pré-históricos passaram. Tanto a grandeza da construção quanto vestígios que sustentam diversas hipóteses sobre sua finalidade mostram as descobertas e reestruturações pelas quais as comunidades passavam na época. Conheça, enfim, um pouco da história e curiosidades sobre Stonehenge.
A história de Stonehenge
Não se sabe muito sobre a construção de Stonehenge, pelo menos, não de forma comprovada. Os projetistas e arquitetos, por exemplo, são desconhecidos. A finalidade real, também. O que se sabe é que ele seja parte de um complexo gigante cujas estruturas foram desaparecendo. Ou seja, é um sobrevivente! Pesquisadores chegaram à hipótese devido à vala que o circunda, três monólitos de pedra e estruturas parecidas ali por perto.
Estima-se que o possível templo levou cerca de 2 mil anos para ser finalizado. Estudos apontam que a vala que o circunda tenha sido criada por volta de 3000 a.C. No entanto, as pedras só teriam chegado 500 anos depois. A própria organização da estrutura e a colocação dos blocos seguiram até 1500 a.C., assim como escavações adicionais. Ou seja, foram até 2 mil anos para que a construção de pedras ficasse pronta.
Sendo assim, Stonehenge foi num total de seis etapas! Na Etapa I (3000 a.C .- 2935 a.C.), o monumento era uma simples vala circular com 97,54 m de diâmetro e duas entradas: uma principal mais larga a nordeste e uma mais estreita a sul.
Dois blocos de pedra foram erguidos na entrada da parte nordeste (uma delas – a Slaughter Stone – ainda existe). O círculo continha ainda 56 furos próximos ao seu limite interno (chamados Aubrey Holes, em homenagem a John Aubrey, que os descobriu) nos quais foram encontrados restos humanos cremados (falaremos mais deles adiante). O círculo era alinhado com o pôr do Sol do último dia do Inverno e as fases da Lua.
Durante a Etapa II (2640 a.C. – 2480 a.C.), a evolução do monumento foi grande! Houve a construção de dois círculos de pedra sarsen. No círculo interior foram montados 5 grandes trílitos (conjunto de duas grandes pedras verticais) sustentando, cada qual, uma grande pedra disposta horizontalmente. Ao redor dessas 5 estruturas maiores, foi montado um círculo formado por 30 estruturas semelhantes de pedra, porém menores.
Em Stonehenge há ainda blocos de pedra de dolerite (bluestones), que encontra-me entre os dois círculos de pedras anteriormente mencionados, cada um pesando até 4 toneladas e medindo até 2 metros de altura.
Na Etapa III de Stonehenge (2470 a.C. – 2280 a.C.) houve a construção de uma avenida de entrada mais larga, com quase 3 km de comprimento. Essa era marcada por valas paralelas também alinhadas com o Sol nascente do primeiro dia do Verão.
As últimas três etapas estima-se que abrangeram o período de 2280 a.C.a 1520 a.C. A quarta etapa foi marcada pelo rearranjo dos blocos de dolerite, para formar um círculo e uma fileira oval interna. Na quinta etapa, foram feitos furos externamente ao círculo de pedras sarsen, denominados Z Holes (Buracos Z). E, por fim, na sexta etapa, foi feito um segundo anel de furos denominado Y Holes (Buracos Y).
Ah, e as pedras que a formam são provenientes de diferentes partes do Reino Unido. As maiores, por exemplo, vieram de Marlborough Downs, a 32 km de distância. Já as menores (bluestones) foram retiradas das Montanhas Preseli, ainda mais distante – o local fica em Gales, a 250 km dali. E é aí que começam os mistérios. Como fizeram para levar as pedras de sua origem até o local do monumento?
Os construtores teriam aproveitado os glaciares de inverno para deslizá-la com mais facilidade? Ou os blocos foram puxados por homens e animais? É bom lembrar que os blocos maiores pesam entre 25 e 30 toneladas, ou seja, não poderiam ser transportadas de qualquer forma. Mesmo as menores, com cerca de quatro toneladas, não poderiam ser tão facilmente carregadas.
Uso como calendário solar e cemitério
Acredita-se que a estrutura tenha tido a finalidade de um calendário solar e acabou se tornando um cemitério. Ou, ainda, as duas coisas ao mesmo tempo. Isso porque foram descobertas 56 covas com corpos incinerados de, pelo menos, 64 pessoas. Sendo assim, pesquisas arqueológicas apontam que Stonehenge tenha sido espaço para enterros cerimoniais, após incineração do corpo.
O responsável pelos enterros era algum membro de destaque da comunidade, isto é, um líder respeitado pelos demais. Quanto à hipótese de calendário solar, sabe-se que o sol nasce voltado para a pedra principal de Stonehenge durante o Solstício de Verão, em 21 de junho. O fato indica que o homem neolítico já tinha conhecimentos astronômicos e, também, noções de hierarquia.
A construção de Stonehenge para calendário solar tomou força com exames modernos feitos com laser. As pedras foram posicionadas para ter melhor aparência com o alvorecer do dia mais longo do ano e também, ao entardecer do dia mais curto. As pedras a nordeste foram trabalhadas para ficarem mais lisas e elegantes do que as outras colunas. Assim, criavam um espetáculo impressionante quando vistas deste ângulo.
Mais teorias…
Arqueólogos chefiados por Mike Parker Pearson indicaram que a construção de Stonehenge está relacionada ao povoado Durrington, a maior aldeia neolítica do Reino Unido. Formado por casas construídas entre 2600 a.C. e 2500 a.C. em Durrington Walls, perto de Salisbury, o povoado deixou uma espécie de réplica de Stonehenge, em madeira. Acredita-se que o monumento de pedra teria o objetivo de abrigar os espíritos dos mortos.
Lembra das largas avenidas do monumento? Novas escavações revelam que eram destinadas a procissões e ligadas a outro grande círculo de madeira, representando o mundo dos vivos. No solstício, ambos se alinham incrivelmente no nascer e no pôr-do-sol. Com todos estes fatos, nasce uma possibilidade de explicação científica para a construção do monumento.
Stonehenge foi construída com tal exatidão de forma que o observador em seu interior pudesse determinar datas significativas, solstícios e equinócios, além de eventos celestes que indicavam transições das estações. Isso era possível quando a pessoa se posicionava entre os mais de 70 blocos de arenito do monumento e, dali, observava na direção certa. Mas, ainda resta a dúvida do que levou à construção do complexo.
Independente do motivo, Stonehenge demonstra as habilidades matemáticas e da engenharia dos primitivos europeus antes das culturas egípcia e mesopotâmica. Para se ter uma ideia, o teorema de Pitágoras só foi formulado dois mil anos depois da construção. Ainda assim, os construtores de Stonehenge já tinha e demonstravam conhecimentos matemáticos, como o valor do Pi, em seus círculos de pedra.
Curiosidades sobre Stonehenge
Tudo o que sabemos sobre a história de Stonehenge só reforça o mistério em torno desta construção. Ainda hoje, mesmo empregando modernos guindastes, é difícil erguer pedras tão pesadas. Além disso, nenhuma outra civilização posterior, como maias, incas e egípcios, nenhum construtor moderno foi capaz de replicar construções como Stonehenge. Não há precisão ou maquinário adequado. Então como naquela época realizaram tal façanha? E para qual propósito?