O Peru é um país tradicionalmente festeiro, graças às comemorações realizadas em todo o território ao longo do ano. São mais de 3 mil festivais, entre procissões, ritos, carnavais e outras festividades que refletem bem a história e tradições peruanos. Sejam homenagens a santos e padroeiros, sejam celebrações pagãs, é até difícil separar 11 festas populares do Peru que precisam ser conhecidas.
Uma boa parte das festas típicas estão ligadas às religiões pré-colombianas andinas ou católica, sendo comemoradas de formas distintas. O sincretismo cultural se deve, inicialmente, às celebrações tradicionais incas relacionadas a mitos antigos ou datas importantes para a agricultura. Com a chegada dos colonizadores, foi também introduzida a tradição do cristianismo.
Odes à liberdade da natureza e celebrações cristãs dão cor e magia a, pelo menos, 11 festas populares do Peru.
Festas populares peruanas
Virgen del Carmen
Na cidade de Paucartambo, a quatro horas de Cusco, acontece a homenagem à Virgem del Carmen, conhecida localmente como Mamacha Carmen. São 18 dias de festas a 3.800m de altitude, nos quais os fiéis participam de 200 danças para agradecer milagres e bênçãos. Como não poderia deixar de ser, o festival é multicolorido, com pessoas portando trajes elaborados em suas coreografias.
As homenagens à padroeira da população mestiça tomam espaço no mês de julho, quando trupes de músicos tocam seus instrumentos, corais cantam em quechua nas praças principais.
Virgen de la Candelaria
Na cidade de Puno, às margens do icônico Lago Titicaca, acontece a homenagem à Virgen de la Candelaria, a Candelária Mamacha. De origem indígena, está associada aos ciclos agrícolas e atividades mineradoras praticadas pelos colonos na região. Acredita-se, inclusive, que a festa realizada em fevereiro nasceu quando alguns mineiros ficaram presos em uma mina. Perante a gravidade da situação, os trabalhadores teriam renunciados suas próprias almas à salvação da Virgem de Candelária.
Semana Santa de Ayacucho
A Semana Santa em Ayacucho é uma das principais celebrações voltadas para a data no mundo, perdendo apenas para a de Sevilha. As manifestações populares de devoção se mostram nos adornos depositados nas 33 igrejas de Ayacucho. Na região onde ainda se fala Quechua, língua falada pelos Incas, paroquianos enchem as ruas em procissões iluminadas por velas decoradas. Outra tradição é a montagem dos tapetes de flores, enchendo o ar de aromas misturados ao incenso.
Corpus Christi de Cusco
O Corpus Christi de Cusco é, realmente, uma exibição impressionante. Aos 60 dias após o Domingo de Páscoa, 15 santos padroeiros e virgens partem de diferentes regiões rumo à Catedral da Plaza de Armas para saudar o Corpo de Cristo. Suas estátuas decoradas pelos fiéis são depositadas na Custódia de Ouro, receptáculo coberto de pedras preciosas, pelos cortejos coloridos.
Ao longo do caminho, os fiéis entoam cantigas e preces emocionantes. Além disso, ouve-se os badalos do maior sino de igreja no Peru, o Maria Angola, datado do século XVI.
Inti Raymi em Cusco
Também em Cusco, no dia 24 de junho, correspondente ao solstício de inverno, acontece uma reconstituição colorida do Festival do Sol, o Inti Raymi. Uma das festas mais tradicionais do Peru é realizada na Fortaleza Inca de Sacsayhuaman, mas nasceu no templo Koricancha, na Plaza de Armas. Nela, atores, músicos e dançarinos de fantasias vibrantes executam os ritos de cada ano, cultuando à divindade suprema Inca, Inti.
A data de celebração foi escolhida por ser o dia mais curto no hemisfério sul, em razão da posição da terra em relação ao Sol. Temia-se, então, que o Deus Sol, de extrema importância na cultura Inca, poderia abandonar os filhos. A fim de evitar que Sua Majestade Solar o fizesse, prestava-se homenagens através de oferendas, música e danças. O Inti Raymi é um dos mais belos festivais do país, uma celebração milenar que preserva costumes e crenças dos antepassados.
Dia de Todos los Santos
No Dia de Todos los Santos, os peruanos se dedicam às homenagens aos mortos, misturando as tradições pré-colombianas e cristãs. Faz parte das celebrações assistir à missa, visitar o cemitério onde os entes queridos estão sepultados, levando flores e comida para a partilha simbólica com quem já partiu. A festa é realizada no país todo, mas há uma especificidade na cidade de Pirua.
Lá, moradores se reúnem, junto aos filhos, na praça principal. Se um dos presentes encontra semelhança entre uma das crianças na praça e algum ente querido falecido, entrega presentes embrulhados em sacos decorados, com guloseimas como batata doce cristalizada ou doce de coco dentro. Em Arequipa e Junín, os sacos são substituídos por brioches, em forma de bebês,os wawas t’anta.
O Senhor dos Terremotos
O Peru é um país que se vê às voltas com terremotos, muitos deles de forte magnitude. Diz-se que, na Páscoa de 1650, fiéis de Cusco clamaram à imagem de Cristo na Cruz para que um tremor devastador terminasse. Eles foram atendidos. Desde então, os moradores prestam suas homenagens a Taitacha Temblores, fundindo elementos da religião andina e cristianismo, transportando a estátua em procissões.
Quando o trajeto chega ao fim, a flor ñucchu é usada como referenda aos deuses, além de compor a coroa, simbolizando o sangue de Cristo. Vale lembrar que a imagem de Cristo foi doada pelo rei Carlos V. Obviamente, após séculos de exposição à fumaça das velas, se tornou enegrecida, dando o nome à imagem de Cristo Negro.
Carnaval
Os planaltos peruanos têm um carnaval bastante animado no mês de fevereiro, através de rituais típicos. Um deles é o de yunza, no qual planta-se uma grande árvore em lugar cheio de presentes e brindes. Depois, pessoas dançam ao redor do yunza até que, finalmente, corta-se a árvore para que ela caia.
O Senhor dos Milagres
A procissão do Senhor dos Milagres é conhecida por reunir o maior número de fiéis na América do Sul. A celebração tem origem nos tempos coloniais, quando um escravo angolano desenhou a imagem de um Cristo negro nas paredes de uma cabana em Pachacamilla, próximo à Lima. Mesmo depois de várias tentativas para apagá-la (e do grande terremoto de 1746), a imagem seguiu na parede.
Quanto mais o tempo passou, maior ficou a veneração pela imagem. Sua procissão é realizada nos dias 18 e 28 de outubro, quando fiéis se vestem de túnicas roxas.
Fiestas Pátrias
As Fiestas Patrias são realizadas em 28 de julho, o Dia da Independência do Peru . Nem precisamos dizer o significado da data para os peruanos, certo? Por isso, durante todo o mês, dá para ver a mudança na decoração das cidades, com bandeiras penduradas em praças e fachadas. Em Lima, o bairro de Miraflores ganha um desfile especial em tons de vermelho e branco.
Réveillon Amarelo
Em Cusco, na tradicional Plaza de Armas, o Réveillon Amarelo reúne pessoas que celebram o recomeço de uma nova era carregando algo que simboliza seus desejos para o ano seguinte. Próximo à virada, elas começam a correr em torno da praça, até a queima dos fogos, preferencialmente vestidas de amarelo.