Como Veneza não afunda? Saiba o que a sustenta há séculos!

Iniciativas que explicam como Veneza não afunda, apesar dos riscos de submersão iminentes 

Você já se perguntou como Veneza não afunda? Uma cidade linda e intrigante, na qual cada vista é como uma pintura, La Sereníssima, como é chamada, encanta por sua atmosfera romântica. E, também, pelos canais e estabelecimentos que ficam, literalmente, dentro d’água. 

A cidade de prédios históricos e gôndolas tem uma relação de adaptação com a água. Isso porque, na maré alta, ela sobe e toma conta das ruas e praças. Mas, nem sempre foi assim! Veneza foi construída na Idade Média quando pessoas se refugiaram de invasores na região onde, hoje, fica o Grand Canal. 

Só que, naquela época, a água não subia tanto e, para se ter uma ideia, havia até pequenas praias perto do rio. Porém, o nível aumentou, submergindo praias e margens de rios. Entretanto, os moradores não fundaram uma nova cidade, mas procuraram se adaptar com a realidade.

Como Veneza não afunda – uma relação de simbiose

Antes de mais nada, devemos prosseguir com um pouquinho da história de Veneza. Como vimos acima, os moradores não se mudaram da cidade com a subida dos níveis da água. Em vez disso, a reconstruíram com criatividade para lidar com a presença constante do mar. 

LEIA MAIS: 15 cidades submersas pelo mundo – do passado e para o futuro

Os prédios, por exemplo, foram construídos tendo como base estacas de madeira completamente afundadas sob a lama. Desta forma, eram formadas paliçadas que não apodreciam pela falta de oxigênio para proliferação de bactérias. Em seguida, eram erguidos e entrelaçados postes de madeira com o objetivo de apoiar as casas. 

É como se construíssem uma enorme jangada sobre a qual os edifícios foram erguidos. Falando neles, sua estrutura era de Pedra de Ístria, impermeável. Aí, se formavam as casas e prédios. Apesar de trabalhosa, essa solução permite que os alicerces permaneçam inteiros, mesmo 500 anos depois. Uma explicação inicial de como Veneza não afunda. 

As ilhas de Veneza

A manutenção de Veneza é um tanto quanto complexa. A cidade é formada por 124 ilhas e todo esse conjunto fica no meio de uma lagoa, separada do mar por finas faixas de terra. Há um movimento constante das águas, já que, duas vezes por dia, a água da lagoa é drenada das ilhas da cidade.

Periodicamente, é necessário bloquear uma seção de algum canal para executar eventuais reparos. Se isso não for feito, os canais se enchem com os sedimentos trazidos pela maré e materiais erodidos das construções. Isso ajuda bastante na questão de como Veneza não afunda.  

Vale lembrar que o nível da água continua subindo e não tem muito mais o que fazer, visto que a cidade está totalmente construída. Então, além da drenagem, há outras formas de enfrentar o fenômeno da acqua alta, comum principalmente na primavera e outono. A prefeitura coloca plataformas nas ruas para viabilizar o trânsito. 

Por outro lado, como já estão acostumados com a invasão da água, os venezianos calçam logo suas galochas e saem mesmo pelas ruas alagadas.

O que pouca gente sabe é que, por conta das enchentes, o primeiro piso dos edifícios já não é usado há décadas. No final de 2002, foi aprovado um projeto para construir portões submersos. A ideia era que, quando a maré alta os elevar, tais estruturas bloqueiem as três entradas do mar para o Lago de Veneza.  

Como Veneza tem energia elétrica?

Mais do que saber como Veneza não afunda, é curioso analisar porque há energia elétrica na cidade! Como a corrente elétrica passa com segurança em uma cidade que fica na água? Simples: seguindo o mesmo caminho de seus moradores. Os cabos passam sob as pedras das calçadas, de tal forma que ficam totalmente escondidos.  

Para cruzar os rios, o cabeamento passa despercebido entre as ilhas por meio das pontes. O mesmo sistema é aplicado para as linhas telefônicas, dutos de água e gás.  

LEIA TAMBÉM: 13 cidades incríveis com canais além de Veneza

Os desafios para o futuro

Não é segredo algum, o apelo turístico de Veneza. Apesar de movimentar a economia da cidade, esse movimento todo tem seu preço. Para exemplificar, o movimento das marés aliado à agitação provocada pelas hélices dos barcos vêm afetando a estrutura dos prédios, apesar de sua resistência. 

Logo, tanto estes processos locais quanto o aquecimento global afetam o patrimônio arquitetônico e artístico de Veneza. Como resultado, estes fatores aceleram a velocidade com que as estruturas se deterioram.

O questionamento sobre como Veneza não afunda ganha ainda mais sustentação com sua submersão contínua desde a Segunda Guerra Mundial. Essa é a consequência do bombeamento da água, por parte das indústrias, do subsolo. A redução do lençol freático dá, sim, uma afundada na cidade, na média de 0,4 mm por ano.

Ao mesmo tempo, temos a elevação dos níveis do Mar Adriático, com estimativa de 1,4 mm por ano. A expectativa é de que, nos próximos cem anos, o nível da água suba um metro. Para enfrentar essa nova realidade, muitos apoiam uma re-elaboração urbanística. Por outro lado, há venezianos com soluções mais drásticas. 

Uma delas é barrar totalmente a entrada da água na época das marés altas. A outra é isolar de forma definitiva Veneza do mar, sob o risco de vê-la afundando. Resta saber se, mais uma vez, a criatividade dos venezianos continuará a nos levar ao questionamento: como Veneza não afunda?

 

Você pode gostar também