Cidades históricas de Alagoas – quatro motivos para embarcar em uma viagem no tempo

O estado tem cidades históricas que permitem conhecer suas raízes culturais e tradições.

Cidades históricas sem dúvida têm um charme a mais. Ruas estreitas, casarões coloniais, museus e construções que contam, em cada tijolinho, as raízes daquele lugar. No Nordeste, é impossível não se perder em tantas delas, não só no litoral, como também no interior. As cidades históricas de Alagoas não fogem à regra e dão, no mínimo, quatro motivos para embarcar em uma deliciosa viagem no tempo. 

A história de uma cidade, assim como suas tradições e cultura, são o melhor meio para conhecê-la a fundo. Em Alagoas, isso se dá de maneira particularmente intensa porque o estado tem lugar cativo no contexto histórico brasileiro. 

Muito mais que as praias paradisíacas, a região foi território de lutas e resistência. Por isso, suas quatro cidades históricas têm muito a contar!

Marechal Deodoro, por exemplo, foi a primeira capital alagoana, além de berço do proclamador da República. União dos Palmares é símbolo da liberdade, pois foi onde se levantou o maior quilombo do Brasil. Lampião e seu grupo sofreu a simbólica emboscada em Piranhas enquanto Penedo consta entre as cidades mais antigas do país. Conheça, a seguir, as quatro cidades históricas de Alagoas e encante-se! 

Quatro cidades históricas de Alagoas

Penedo e seus 460 anos de história

Penedo (AL)

Em 1560, Duarte Coelho e sua expedição navegou pelo Velho Chico e chegou à região que, hoje, conhecemos como Penedo. Uma das cidades mais antigas do Brasil nasceu como um povoado posteriormente elevado à Vila de São Francisco. 

Como se o simbolismo do Rio São Francisco já não fosse suficiente, Penedo ainda nos presenteia com um admirável Centro Histórico com igrejas, sobrados e capelas. 

Centro Histórico de Penedo (Nathanael De Melo Araujo, CC BY-SA 4.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0>, via Wikimedia Commons)

As construções reúnem 13 igrejas, dez capelas e sobrados sem fim, entre eles, a Fundação Casa do Penedo. Com o fim de preservar a memória da região, a instituição conserva, em seu acervo, mobiliário, estátuas e uma série de objetos que contam os quase cinco séculos de história. 

Também temos o Teatro Sete de Setembro e o Memorial Raymundo Marinho, ambos erguidos junto com o município. 

De fato, Penedo é um verdadeiro museu a céu aberto, guardando preciosas relíquias na arquitetura barroca herdada dos colonizadores portugueses,  holandeses e  missionários franciscanos. 

Seu acervo também destaca a Catedral de Nossa Senhora do Rosário, Igreja de Nossa Senhora das Correntes, Paço Imperial, Igreja  de  São Gonçalo  Garcia dos  Homens Pardos e a Igreja de  Nossa  Senhora  dos Homens Pretos.

União do Palmares e o grito por liberdade

União dos Palmares (AL)

Mais de 30 mil negros, entre eles, Zumbi dos Palmares, lutaram por liberdade e igualdade social na tragédia histórica da escravidão. União dos Palmares, não à toa conhecida como Terra da Liberdade, é a cidade onde foi construído o Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga. O maior e mais expressivo quilombo do país era liderado por Zumbi e sua esposa, Dandara, que lutaram pela liberdade até a morte. 

A importância histórica da Serra da Barriga a fizeram ser tombada pelo IPHAN em 1986.

União dos Palmares também abriga o Parque Nacional de Zumbi e o Memorial Quilombo dos Palmares. Ambos construídos em arquitetura africana, retratam a história do solo que, inegavelmente, é considerado sagrado. 

Parque Memorial Quilombo dos Palmares

Cerca de 50 famílias que moram na comunidade de Muquém, próximo à União, ainda representam toda a essência da cultura afro-brasileira.

Piranhas e o fim de Lampião

Piranhas (AL) (Maria Hsu, CC BY 2.0 <https://creativecommons.org/licenses/by/2.0>, via Wikimedia Commons)

A cidade de Piranhas é daquelas que pedem tempo e ouvidos para tantas histórias! Mas, um episódio específico, com certeza, abrilhanta todos os causos contados ali: a emboscada que deu fim à era de Lampião e Maria Bonita

De fato, foi da cidade que o Tenente João Bezerra e seus soldados partiram rumo à Grota do Angico para caçar o homem mais procurado pela polícia nordestina na década de 30. 

Virgulino Ferreira, Maria Bonita e mais nove cangaceiros tiveram suas cabeças expostas em praça pública de Piranhas, colocando a cidade na história. Aliás, uma memória muito bem preservada, assim como o patrimônio composto por um dos conjuntos arquitetônicos mais bem mantidos do Brasil. Consequentemente, a cidade recebeu o merecido título de Patrimônio Histórico Nacional pelo Iphan, em 2003.   

Dentre os imensos e belos casarios, está o Museu do Sertão, na antiga Estação Ferroviária, onde parte da história do cangaço e do próprio município é contada. 

É provável que, depois de tanto passear pelas ruas e casarios, o corpo peça por descanso. Pois, Piranhas sedia a Usina Hidrelétrica de Xingó, a segunda do Brasil, construída nos anos 80. Lá, um imenso lago foi formado com as águas represadas, dando espaço a passeios entre os cânions. 

Usina Hidrelétrica de Xingó

Não dá para falar em Alagoas sem mencionar a importante tradição do artesanato, sobretudo rendas e bordados. Portanto, é indispensável visitar o Centro de Artesanato de Piranhas e dar uma esticada até Entremontes, povoado que faz parte do município. O local é nacionalmente conhecido pelos produtos artesanais, visto que as mulheres fazem belas peças ricas em formas e pontos.    

Marechal Deodoro e sua rica arquitetura

Museu de Arte Sacra, em Marechal Deodoro (AL)

Finalmente, chegamos à Marechal Deodoro, terra do proclamador da República e a primeira capital do estado. Com o propósito de homenagear o filho ilustre, a cidade inclusive mudou seu nome original de Alagoas da Lagoa do Sul para o que conhecemos atualmente. A rica arquitetura é um verdadeiro livro de história vivo, através dos museus, igrejas e demais construções históricas. 

O belo acervo arquitetônico foi concebido pelos colonizadores portugueses, holandeses, bem como os missionários franciscanos. Muitas construções merecem destaque, principalmente o Museu de Arte Sacra, Igreja de Santa Maria Madalena, Complexo do Carmo, Casa  de  Marechal Deodoro, Igreja Nosso Senhor do Rosário, Palácio Provincial (onde funciona a Prefeitura) e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição. 

Ademais, Marechal Deodoro conserva suas tradições folclóricas, como pastoril e baianas, orquestras filarmônicas, além das bandas de pífanos. A música local é muito bem representada por Nelson da Rabeca. 

Se precisar de uma pausa nas andanças entre tanta história e cultura, um nome pode ser um alento: a paradisíaca Praia do Francês. Aliás, o município é banhado pelo maior complexo lagunar do Brasil. 

Praia do Francês

Ademais, é na região de Marechal Deodoro, também, onde fica a Ilha de Santa Rita, a maior ilha lacustre do país. Pensa que acabou? O município ainda é referência gastronômica, festas religiosas e artesanato. Para exemplificar, temos o povoado de Massagüeira, considerado um dos maiores centros gastronômicos do Nordeste.

Viajar por Alagoas vai além de visitar as praias paradisíacas de seu litoral. É principalmente se aprofundar nas raízes e tradições, conhecendo a construção de seu povo. Assim, nada melhor que um passeio pelas cidades históricas de Alagoas, empreendendo uma viagem no tempo por séculos de história.  

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