As principais e variadas danças típicas do Espírito Santo

As danças do Espírito Santo têm raízes europeias e africanas, constituindo forte legado tradicional do estado.

O Espírito Santo, localizado no sudeste brasileiro, é um verdadeiro caldeirão cultural. A mistura das tradições e costumes europeus, africanos e indígenas resulta em manifestações singulares que contam a história capixaba. As danças típicas do Espírito Santo são expressões importantes que refletem, com exatidão, a identidade deste povo. 

Assim como no restante do Brasil, a mistura de povos e a riqueza de influências culturais traduzem o espectro cultural que constitui o folclore do Espírito Santo. Ainda que tais formas tenham sido adaptadas através das gerações, as manifestações preservam a forte herança dos diferentes povos que habitaram o estado ao longo da história. 

O registro das expressões culturais, especialmente as danças típicas do Espírito Santo, são meios privilegiados de compreender o imaginário cultural e histórico do povo capixaba. 

A importância das manifestações culturais na identidade do povo capixaba

As manifestações culturais são importantes instrumentos formadores da identidade cultural de um povo. Afinal, são meios de reconhecer os modos de vida e expressão sócio-cultural, elementos que constituem os saberes e fazeres que formam a própria estrutura social de um território, como o Espírito Santo. 

Danças típicas do Espírito Santo

Quando listamos as principais danças típicas do Espírito Santo, nos deparamos com expressões originadas tanto dos povos africanos quanto indígenas e europeus. Isso se dá porque o estado recebeu imigrantes de diversas regiões da Europa que, ao chegar, fundiram suas tradições às que aqui já existiam. 

Danças típicas do Espírito Santo – origem açoriana

Os açorianos foram os primeiros a se instalarem em território capixaba, chegando no começo do século XIX. São os responsáveis pelo povoamento da cidade de Viana, onde se observa fortes influências lusitanas. 

No caso das danças, as exibições são protagonizadas por 13 casais de dançarinos (que também cantam) e uma porta-bandeira. As apresentações, então, são sempre acompanhadas de canto, palmas, batidas de pé, ao som de música. 

Importante destacar que, ao contrário de várias danças originárias da Europa, a dança açoriana não é dedicada a santos. Estima-se que, atualmente, 27 pessoas sejam integrantes de grupos de dança açoriana. 

Danças típicas do Espírito Santo – origem alemã

Os alemães chegaram ao Espírito Santo em meados do século XIX e desbravaram terras ainda intocadas. Provenientes principalmente da região do Reno, estes colonos trouxeram consigo a cultura germânica, incluindo as danças. 

Os grupos se apresentam ao som de instrumentos musicais típicos, como a concertina, fundindo-se às tradições capixabas. 

A concertina embalam as danças tradicionais de origens alemã e italiana

Nas apresentações, os grupos normalmente formados por sete casais usam trajes típicos bem característicos. Os homens vestem calça preta, camisa branca, blazer e chapéu de borda vermelha. As mulheres usam blusa, avental e chapéu nas cores preto, vermelho e branco. Lembrando que os grupos são guiados por uma coordenadora. 

Os grupos, de modo geral, entram em fila no salão para, em seguida, formarem um círculo no centro. A maior parte das apresentações se resumem às polcas e valsas, sempre acompanhadas pela coordenadora que, ainda, fala dos significados de cada dança. Cerca de 180 pessoas são diretamente envolvidas nos grupos de dança alemã no estado. 

Congo

O congo é uma manifestação típica em homenagem a São Pedro, São Sebastião e São Benedito, cujas bandas se apresentam em ocasiões festivas. 

Nelas, homens e mulheres tocam, cantam e dançam em homenagem ao santo de devoção. Eles, vestidos de calça comprida e camisa. Elas, com saia rodada e blusa, além dos estandartes. 

A banda se apresenta ao som de tambores, caixa, cuíca, chocalhos, ferrinhos, pandeiros, apitos e casaca, instrumento único em todo o país. Em Cariacica, as bandas se destacam pelo uso de máscaras e vestimentas peculiares. 

O congo é composto pelas chamadas “puxadas de mastro” que acontecem em três etapas distintas: 

  • derrubada ou arrancada de mastro: etapa que acontece alguns dias antes da puxada, contando com a participação da banda de congo. Na véspera do dia do santo a quem a festa é dedicada, acontece a puxada do mastro que, a este ponto, está ornamentado para conservar, no topo, uma tela com a figura da santidade. 
  • puxada, levantamento e fincada do mastro: o mastro é transportado até a Igreja na qual será fincado, acompanhado de forte foguetório e batidas das bandas de congo. Antes de ser fincado, o mastro é atirado ao ar várias vezes pelos devotos que dançam e cantam. 
  • retirada ou descida do mastro: meses depois, quando o ciclo de homenagens é encerrado, as bandas participam da retirada do mastro. 

As bandas de congo acolhem 2.135 pessoas em todo o estado.

Danças típicas do Espírito Santo – origem holandesa

As danças de tradição holandesa, assim como as alemãs, são herança dos colonos que se estabeleceram no estado em meados do século XIX, especialmente na região centro-oeste. 

Nas apresentações, que não são dedicadas a nenhum santo, os participantes usam trajes típicos e protagonizam coreografias que variam conforme os instrumentos musicais. 

Atualmente, os grupos de danças folclóricas holandesas envolvem diretamente cerca de 20 pessoas em todo o estado. 

Danças típicas do Espírito Santo – origem italiana

Os imigrantes italianos, oriundos principalmente da região norte, chegaram ao Espírito Santo no final do século XIX. A vitalidade das danças italianas é demonstrada através de coreografias movimentadas, coloridas e vistosas. 

Os participantes ainda cantam, batem palmas e batem os pés, sempre ao som de instrumentos musicais, especialmente a concertina, símbolo da musicalidade italiana. 

Os grupos são basicamente constituídos por dez casais, com mulheres vestindo saia grená enfeitada, avental branco rendado, blusa branca bordada e espartilho. Os cabelos são presos num coque com fita dourada. Os homens usam sapato preto, meias brancas, calça curta, camisa branca de mangas compridas e colete grená ornado de fitas douradas.

As mulheres ainda tocam pandeiros decorados por fitas nas cores da bandeira da Itália. Estima-se que 320 pessoas estejam envolvidas nos grupos de dança italiana que se apresentam principalmente em festas, como o Encontro da Colônia Italiana de Castelo. 

Danças típicas do Espírito Santo – origem polonesa

A corrente imigratória polonesa chegou ao estado no fim da terceira década do século XX, principalmente nas regiões à margem esquerda do rio Doce e ao norte de Colatina. 

A dança polonesa é protagonizada por grupos de doze casais. As mulheres vestem blusa branca e saia forradas, colete colorido, bombacha, meia calça, sapatilha e enfeites no cabelo. 

Os homens vestem colete colorido, camisa branca, calça e botas. Sem santo de devoção, as danças polonesas envolvem cerca de 24 pessoas.

Danças típicas do Espírito Santo – origem portuguesa

As manifestações de origem portuguesa estão fortemente presentes no folclore capixaba. Os grupos de danças portuguesas evidenciam isso, inclusive. 

Os grupos são normalmente constituídos por 10 casais, nos quais homens vestem camisa de manga comprida branca, meia branca, sapato preto e calça e colete pretos.

As mulheres, por sua vez, usam lenço colorido, blusa, avental, colete e saia vermelhos, além de sapato preto. Aproximadamente 60 pessoas estão diretamente envolvidas na preservação das danças típicas portuguesas no estado.

Bate Flechas

Também chamada de alardo ou dança das flechas, a manifestação é dedicada a São Sebastião e São João Batista

Principalmente praticado por umbandistas, o bate flechas é apresentado por grupos de aproximadamente 30 homens e mulheres (flecheiras), sendo elas a maioria.

Além das flecheiras, os grupos são formados pelo mestre, guia que protege e guia; banda, composta por homens; e, puxador de ponto, que marca o ritmo e orienta o grupo. 

Os componentes se apresentam em duplas, trios ou quartetos que acompanham o ritmo da música e batida das flechas. 

Falando em música, são dez instrumentos que compõem a banda, como trompete, bombardino, trombone, zabumba, tarol, bumbo, chocalho e prato. 

Quanto às vestimentas, homens trajam camisa e calça comprida, enquanto as mulheres vestem saia rodada e blusa. O mestre também define os enfeites e adereços nas roupas de cada grupo. 

Atualmente, 630 pessoas estão diretamente envolvidas na preservação desta importante manifestação da cultura popular capixaba. 

Anualmente, acontece, em Cachoeiro de Itapemirim, o encontro de Bate Flechas, cuja programação envolve almoço, atividades religiosas e apresentações em louvor à Nossa Senhora Aparecida. 

Mineiro-pau

Mineiro-Pau é chamada de dança guerreira pelo uso de um bastão como arma de ataque e defesa em simulações de combate. 

Os grupos são normalmente formados por cerca de 25 componentes, nos quais homens tocam e mulheres cantam. O acompanhamento musical é feito pelo acordeão, viola, violão ou violino, triângulo, pandeiro e tamborim. 

O solista (violeiro e violonista) é responsável por animar a dança, que começa com moças e rapazes formando um círculo de mãos dadas. Um mestre ou chefe comanda a coreografia com um apito, apontando as evoluções, batidas de bastão, ritmo e cantoria. Os bastões permitem ao dançador um manejo firme e seguro. 

O mineiro-pau é uma das mais populares danças de pares soltos do Brasil e está associada ao ato de corte da cana-de-açúcar, por causa das viradas de um lado para o outro. Ou, ainda, ao Cateretê, devido às batidas de palmas. 

Não há dedicação a santos nesta manifestação que congrega cerca de 50 pessoas. 

Jongo ou Caxambu

Jongo, Caxambu, Batuque, Tambor ou Catambá são variantes da dança de roda angolana que representa, também, um ritual. 

Originariamente, essa manifestação trazia uma função mágica, carregando fortes elementos de candomblé. Com a influência dos santos católicos, acabou sofrendo alterações, porém ainda representa rica herança da cultura negra. 

Os grupos são compostos por cerca de 30 integrantes, entre homens, mulheres e crianças, que se vestem de forma simples. 

As danças são  marcadas pela movimentação dos dançarinos no sentido anti-horário, ao som de canto e música instrumental. Os instrumentos mais frequentes são os tambores, a puíta ou cuíca e a angóia. 

Vale destacar, porém, que os tambores ganham nomes diferentes de acordo com a forma e o material usado na fabricação. O caxambu, por exemplo, é o tambor maior, enquanto o candongueiro é um tambor menor. Os músicos tocam fora da roda, sem sair do lugar. 

Cerca de 270 pessoas se encarregam de preservar e manter essa importante tradição no estado. 

Capoeira

A capoeira, para brasileiros e angolanos, significa luta. No período da escravatura, os cativos a usavam para se proteger dos brancos que os perseguiam. 

Por muitos anos marginalizada, a capoeira passou, tempos depois, a ser vista como integrante de festas populares, além de dança com técnica de jogo. 

Caracterizada pela variedade de movimentos e grande número de participantes, a capoeira é apresentada em uma roda. 

Os dançarinos usam as pernas para desferir golpes de ataque e defesa, sempre ao som dos cantos e instrumentos característicos, como pandeiro e berimbau, além de ganzás, agogôs, adufes e atabaques. 

Hoje, existem milhares de grupos de capoeira formados em escolas ou associações que se destinam à inclusão social e prática esportiva. No Espírito Santo, a dança envolve diretamente cerca de 5.000 pessoas.

Pomerana

Os pomeranos são agricultores de origem eslava radicados na Prússia que chegaram ao Espírito Santo na década de 1870. Inicialmente, se isolaram nas terras altas de Santa Leopoldina, o que possibilitou a preservação de seus costumes e tradições, entre eles, as danças pomeranas.

Assim como as alemãs e italianas, as danças pomeranas se desenrolam ao som da concertina. 

A abertura reúne o grupo em círculo para a saudação ao público. Em seguida, os dançarinos executam de seis a oito coreografias, finalizando com a despedida e o grito de guerra. 

O grupo é constituído por 11 homens e 11 mulheres. Os homens vestem calça bege, camisa de manga comprida branca e colete pomerano e as mulheres usam sapatilha preta, meia branca, vestido rodado, bombacha, anágua, blusa com manga fofa e avental branco bordado. 

Cerca de 88 pessoas são envolvidas na preservação deste costume.


Como se vê, a lista de danças típicas do Espírito Santo é extensa, assim como a riqueza cultural deste estado. Para conhecer mais sobre o valioso folclore brasileiro, navegue pelo nosso site e confira, por exemplo, 11 danças típicas e folguedos de Minas Gerais

Danças Típicas
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