Os animais que vivem no Pantanal, sempre tão exuberantes, recentemente ganharam os holofotes da mídia por motivo de extrema tristeza. O complexo outrora tão verde e alagado virou fogo em razão de um incêndio criminoso. Milhões de animais, entre onças, cobras, jacarés e micos, se foram nas chamas, comovendo o Brasil por meses a fio. Aos poucos, a natureza vai se recuperando, graças ao trabalho árduo de biólogos e veterinários, além das chuvas que, finalmente, começaram a cair na região.
Mas, o Complexo do Pantanal nem sempre foi feito de cinzas. Pelo contrário, o bioma constituído por estepes, alagado na maior parte do território, teve seus 250 mil km² de extensão patrimoniados pela Unesco em 2000.
Banhado pelo Rio Paraguai e contemplando Bolívia, Brasil e Paraguai, o Pantanal sempre encantou pela biodiversidade da fauna e flora. A maior bacia inundável do mundo e um dos ecossistemas mais ricos do planeta garante o equilíbrio ambiental, conservação do solo e estabilização climática.
O “reino das águas” é também berço de aproximadamente 4.700 espécies conhecidas, dentre animais e vegetais. Infelizmente, o complexo que, no Brasil, abrange os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul vem sendo indiscriminadamente destruído pela pecuária extensiva, o que contribui para a redução significativa de várias espécies. Isto é, a ameaça vem desde antes do território arder em chamas! Contudo, a natureza resiste, possibilitando conhecer animais que vivem no Pantanal pelos quais precisamos lutar.
Animais típicos do Pantanal
A riqueza da fauna pantaneira é inegável. Antes do incêndio devastador, o Pantanal, segundo o Ministério do Meio Ambiente, conservava 86,77% da cobertura vegetal nativa.
Entre espécies endêmicas, ou seja, que só existem lá, e outras sob risco de extinção, estão mamíferos, pássaros, peixes, répteis, anfíbios e insetos dos mais variados. Tamanha riqueza se deve a influências amazônicas e do cerrado, bem como ao regime de inundações que mantém a área alagada por mais da metade do ano.
Mas, o que isso tem a ver? Animais chegam à planície em busca do alimento depositado pelas enchentes, além de buscar um ambiente propício para a reprodução. Ainda que o tráfico de animais também seja um grande inimigo, já foram catalogadas:
- 263 espécies de peixe
- 41 espécies de anfíbios
- 113 espécies de répteis
- 463 espécies de aves
- 1.032 de borboletas
- 132 espécies de mamíferos, sendo duas endêmicas
Muitos bichos, não? Porém, tão extensa quanto a lista de espécies, está aquela que inclui animais em extinção. As onças parda e pintada, cervo do pantanal, arara azul, lobo guará e ariranha são alguns exemplares que correm grande risco de desaparecer! Por isso, existe fiscalização severa para impedir a caça indiscriminada, bem como santuários e reservas para protegê-los.
➥ Mamíferos do Pantanal
O Pantanal tem cerca de 130 espécies de mamíferos catalogados, entretanto o número real pode ultrapassar o dobro! Estima-se que haja mais de 300 espécies ainda desconhecidas no complexo. Enquanto isso, vamos saber quais são os mamíferos já sabidos que habitam o Pantanal!
» Onça pintada
Maior felino das Américas, tem a mordida mais potente de todos. Apresenta comportamento solitário e vive próxima a cursos d’água. Seu tamanho varia conforme a região e a subespécie do Pantanal chegando a pesar 150 kg. Deste modo, são maiores que as onças-pintadas da Amazônia. Animais territorialistas, também integram a lista dos animais em extinção.
» Onça parda
Também conhecida como onça-preta ou jaguar, é o terceiro maior felino do mundo, após o tigre e o leão, e o maior do continente americano.
» Capivara
O maior roedor atualmente vivo e chega a medir 1,30 m de comprimento.
» Veado-catingueiro
Também conhecido por veado-virá, virote, guassutinga, guaçucatinga e guazubira, é uma espécie de cervídeo sul-americano de pequeno porte, sendo a mais abundante no Brasil.
» Cervo do pantanal
Maior cervídeo da América do Sul, pesa cerca de 100 kg. Possui membranas entre os dedos, tornando-se adaptado aos terrenos alagáveis. A única população viável é encontrada na Estação Ecológica de Taiamã, portanto, a espécie é considerada sob perigo de extinção.
» Veado-campeiro
Mamífero ruminante da família dos cervídeos, é fisicamente semelhante ao cervo-do-pantanal. É uma das sete espécies de cervídeos que existem no Brasil, ocorrendo principalmente em áreas abertas.
» Bugio-do-pantanal
Vive em bandos com sete indivíduos em média, liderados pelo macho mais velho, chamado de capelão. Possuem vocalização característica que pode ser ouvida a até 500 metros de distância.
» Lobo-guará
A figura que estampa a nota de R$ 200,00 é uma espécie típica do Cerrado. Animal de hábito solitário, possui hábito noturno e é onívoro. Maior canídeo da América do Sul.
» Porco do mato
Conhecido também como queixada, pode ser encontrado em grupos de 50 a 300 indivíduos. Mede de 82 a 100 cm e são encontrados em abundância principalmente à noite.
» Tamanduá-bandeira
Maior das quatro espécies de tamanduá, o tamanduá-bandeira pode atingir 2,4 metros de comprimento, da ponta do focinho à ponta da cauda. Animal solitário, requer uma grande área para viver.
» Ariranha
Maior carnívoro semi-aquático da América do Sul, vive em grupos familiares de 5 a 9 membros. É considerada uma espécie ameaçada de extinção.
» Cachorro-do-mato
Caçador solitário, possui pelagem cinza com preto e patas escuras. Alimentam-se de frutos, insetos, crustáceos, pequenos mamíferos, entre outros.
» Anta
Habita áreas abertas ou florestas próximas a cursos d’água, com abundância de palmeiras. Dona de um curioso focinho alongado, descansa e economiza energia durante o dia, pois prefere se alimentar no período noturno.
» Quati
Mamífero que vive em bando, são carnívoros gregários que possuem focinho alongado, o que torna seu olfato bastante apurado.
» Tatu-canastra
Também conhecido como tatuaçu, é uma espécie de tatu de grandes dimensões, chegando a medir mais de 1 metro de comprimento.
➥ Aves do Pantanal
De acordo com a World Wide Fund for Nature (WWF), cerca de 650 aves compõem o bioma pantaneiro, mais do que o já conhecido em toda a América do Norte, que tem 500. Contudo, “apenas” 460 já foram catalogadas, entre elas:
» Arara azul
Espécie de arara que se destaca pela beleza de suas penas azul-cobalto e por seu tamanho. Seriamente ameaçada de extinção, em razão da caça, comércio clandestino e degradação do habitat natural pelo desmatamento.
» Garça-branca
Garça de vasta distribuição e pode ser encontrada em todo o Brasil. Espécie de grande porte, com cerca de 88 cm de comprimento.
» Gavião-preto
Espécie mede cerca de 63 cm de comprimento e pode ser encontrada nas beiras de matas e nos brejos.
» Gavião-de-Penacho
Considerado pelo IBAMA como ameaçado de extinção no Brasil, é encontrado nas florestas tropicais de baixada e encostas.
» Tucano-toco
Também conhecido como tucanuçu, é o maior dos tucanos, com cerca de 56 cm de comprimento.
» Ema
Ave que usa suas grandes asas para equilibrar-se e mudar de direção enquanto correm. Uma das maiores aves do Brasil, pode atingir 1,70 metros de altura e até 35kg.
» Socozinho
Ave migratória, vive em regiões de lagoas e se alimenta de peixes e insetos. Costuma nidificar nas margens dos rios.
» Jaçanã
Ave conhecida por andar sobre as águas, graças aos dedos e unhas longas. Também é conhecida como cafezinho.
» Carcará
Ave de rapina da família dos falconídeos, mede até 60 cm de altura e sua envergadura chega a 123 cm.
» Curicaca
Ave com canto composto de gritos fortes, é comum em áreas semi abertas, capoeiras e beiras de matas. Possui bico longo, fino e curvo.
» Biguá
Ave aquática de plumagem escura com pés palmados, pernas curtas e fortes. Vive perto de lagos, grandes rios e estuários.
➥ Peixes do Pantanal
As águas do Pantanal também foram seriamente impactadas pelo fogo, matando milhares de peixes. Situação que preocupa, uma vez que, nos rios, lagoas e corixos, existem mais espécies que já registradas em toda a Europa.
A riqueza ictiológica observada se deve à grande quantidade de lagoas e baías provenientes das cheias, ambiente ideal para a reprodução. Assim, a região funciona como um centro de procriação.
» Piranha
Peixe carnívoro de água doce muito ágeis, capazes de destruir um pedaço de carne em segundos.
» Pacu-caranha
Originário principalmente do Rio Paraguai e no Rio Paraná.
» Dourado
Peixe cujo nome vem exatamente da coloração dourada com reflexos avermelhados.
» Poraquê
Espécie de peixe que pode chegar a 2m de comprimento e pesar cerca de 20kg.
» Pintado
Peixe de água doce que tem pintas escuras espalhadas pelo corpo.
» Piraputanga
Também conhecido como matrinxã e mamori, mede até 50 centímetros de comprimento. Tem cor olivácea-dourada, com nadadeiras caudal e anal vermelhas.
» Cachara
Popularmente como Surubim Cachara, pode alcançar um peso de até 20 kg, por isso, é uma espécie muito cobiçada pelos pescadores.
» Curimbatá
Habita tanto fundo de lagos como margens de rios, alimentando-se de restos orgânicos.
» Jaú
É considerado um dos maiores peixes das águas brasileiras com o seu 1,60 m.
➥ Répteis do Pantanal
Quem nunca se admirou com os enormes jacarés do Pantanal ou leu sobre as variadas espécies de cobras que vivem por lá? Aliás, não é raro assistir ou ler reportagens relatando sucuris gigantes atravessadas em estradas! Pudera, afinal, são cerca de 100 espécies de répteis pantaneiros.
A temperatura da região desempenha papel importante na história de vida dos crocodilianos, inclusive determinando muitas de suas características. Entre as espécies que habitam o Pantanal, podemos destacar:
» Jacaré-do-pantanal
Exerce papel fundamental na regulação dos peixes que habitam as águas do bioma. Pode atingir até 3m, alimenta-se de peixes, insetos e de outros invertebrados, como os caramujos.
» Jacaré-de-papo-amarelo
Animal de hábito noturno, alimenta-se de peixes, aves e mamíferos. Ameaçado de extinção em razão da destruição de seu habitat e poluição dos rios. Tem cerca de 2 metros, mas seu comprimento pode chegar a 3,5m. O ciclo de vida é longo e pode ultrapassar os 70 anos de idade.
» Víbora-do-pantanal
Lagarto de grande porte, é muitas vezes confundido com jacarés devido ao tamanho que pode chegar a 1,5m. Vive em terra firme, junto de banhados e rios.
» Sucuri-amarela
Espécie de cobra não peçonhenta que mata suas presas por constrição.
» Jiboia
Espécie de serpente não peçonhenta, de grande porte que pode chegar a 4 metros. Também mata suas presas por constrição.
» Tartaruga-do-pantanal
Cágado de água doce que se alimenta de plantas, caracóis, peixes pequenos, insetos, vermes e algumas plantas do pântano.
» Sinimbu
Popularmente conhecida como iguana, tem membros e dedos bem desenvolvidos, o que facilita para subir em árvores. Seu tamanho pode chegar até 2 metros, sendo dois terços só de cauda.
» Surucucu-do-pantanal
A maior serpente peçonhenta do Brasil pode chegar a 2,5 metros de comprimento. Quando ameaçada, achata a região do “pescoço”, desferindo botes ameaçadores.,
E aí, o que achou sobre a extensa lista de espécies que habitam o Pantanal? É impossível não se emocionar com as cenas devastadoras dos incêndios no complexo pantaneiro. Mas, tudo aquilo serve de alerta para que passemos a defender, não só os animais que vivem no Pantanal, como todo o ecossistema que tem inestimável importância para a conservação do planeta. Siga com a gente e conheça mais sobre a fauna de outros biomas pelo mundo!