Quanto ganha um médico em Cuba – salários e oportunidades na ilha
Os médicos cubanos ganharam os holofotes com sua atuação durante a pandemia da Covid-19 na Itália e, também, retornando ao Brasil.
Os médicos cubanos ganharam a mídia, recentemente, após sua atuação reforçando a linha de frente no combate à Covid-19. O fato é que existe uma série de teorias e mitos acerca de como ser médico em Cuba, assim como várias outras questões da ilha. Enfim, quanto ganha um médico em Cuba, como é cursar Medicina lá e quais são as oportunidades no país?
O tema Medicina em Cuba veio à tona com a saída dos profissionais cubanos do programa Mais Médicos do Brasil (ainda que alguns tenham permanecido por aqui). Depois, retornou aos holofotes quando os médicos foram convocados para atuar na linha frente contra o novo Coronavírus em hospitais da Itália. Também reforçaram o time da Saúde em estados brasileiros, como o Pará.
Muito se fala sobre as condições de vida na ilha, especula-se sobre a formação dos médicos no país e a remuneração que percebem. Quanto ganha um médico em Cuba? As condições de vida lá são ruins mesmo? Como é fazer faculdade de Medicina em Cuba?
Curso de Medicina em Cuba
Sim, Cuba investe na Saúde e isso se dá por motivos históricos. Com o fim da Revolução Cubana, o país enfrentou uma crise sanitária de níveis catastróficos. Toda a ilha tinha apenas 6 mil médicos, número insuficiente que precisava aumentar com urgência. Diante disso, o governo começou a investir na formação de médicos, através do ensino de qualidade e gratuito.
Atualmente, a ilha conta com 75 mil médicos, uma média de um profissional para cada 160 habitantes, a maior taxa da América Latina. Ademais, alunos de outros países também aportam no país a fim de cursar uma das graduações mais concorridas do mundo. E como é a formação dos médicos em Cuba? Lá, o foco é humanizado, trabalhando em prol da prevenção e promoção de saúde.
O curso tem duração de seis anos e meio, um pouco mais extenso que no Brasil. A residência, por sua vez, leva de dois a quatro anos, dependendo da especialidade. Porém, antes mesmo de ingressar na graduação de Medicina, em si, o aluno atravessa quatro meses de uma formação chamada “pré-médio”. É um curso intensivo que tem, como objetivo, nivelar todos os candidatos revisando disciplinas básicas do Ensino Médio.
A parte de visita aos hospitais e aquisição da experiência de campo vem a partir do terceiro ano, ainda que o foco do profissional seja sempre o de medicina da família. Ao longo de toda a graduação, o aluno tem duas chances para ser aprovado em cada disciplina. Se, ainda assim, não conseguir a média esperada e for reprovado, seu desligamento do curso de Medicina é automático.
No caso dos estrangeiros, os estudantes costumam ser recrutados nos próprios países, de preferência, em áreas pobres. Sendo assim, as vagas costumam ser preenchidas por jovens de baixa renda que, em condições normais, teriam bastante dificuldade em conseguir ingressar na graduação em seu país de origem. O Ministério da Saúde brasileiro estima que, em média, 35 mil médicos de 138 países já se formaram em Cuba.
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A Universidade de Havana e Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM) são as principais instituições de Medicina no país. Porém, no total, 25 instituições oferecem o curso de forma gratuita em Cuba. A ELAM é considerada uma das maiores escolas de Medicina do mundo, registrando 19.550 estudantes de 110 nações diferentes. Alunos recrutados principalmente na América Latina, África e Ásia não pagam mensalidades ou taxa de matrícula, tendo ainda acomodação, alimentação e um auxílio financeiro.
Quanto ganha um médico em Cuba?
O ganho salarial de um médico depende, no geral, de dois fatores principais: o país onde trabalha e a especialidade que exerce. Na América do Sul, os mais mal pagos são os médicos cubanos. Mesmo com um aumento salarial decretado pelo governo em 2019, um médico especialista ganha em média valores entre US$ 740 e US$ 840 por ano. Quando estão em missões, o Estado cubano retém entre 75% e 90% de sua receita, segundo o Observatório Cubano de Direitos Humanos e a organização Defensores de Prisioneiros.