Ondas de calor no hemisfério norte: Qual a maior temperatura que o corpo humano suporta?
As ondas de calor registradas recentemente levam à dúvida de qual o limite do corpo humano.
Temperaturas próximas dos 45ºC na Europa e cerca de 1 bilhão de mariscos, mexilhões e outros moluscos sendo cozidos em seu habitat natural com picos de temperatura de 50ºC nas rochas onde ficam depositados. Notícias recentes como essas, reflexo das fortes ondas de calor no hemisfério norte, impressionam e nos fazem questionar: “qual a maior temperatura que o corpo humano pode suportar?“.
De acordo com reportagem da Live Science, estudo publicado na revista Science Advances concluiu que o ser humano suporta uma temperatura de bulbo úmido de até 35ºC.
Apesar de parecer uma temperatura baixa, comum em certas regiões do Brasil, é importante ressaltar que as temperaturas que vemos nos serviços de meteorologia não é o mesmo que temperatura de bulbo úmido. Para entender a temperatura máxima de 35ºC, é importante sabermos primeiro o que ela significa.
O que é temperatura de bulbo úmido?
A temperatura de bulbo úmido é medida por um termômetro específico, envolto em uma malha de tecido umedecida. Assim, é levado em conta a influência que a umidade tem na temperatura. Isso é particularmente importante, pois quanto mais úmido o ar, mais difícil é para o suor de uma pessoa evaporar; consequentemente, é mais difícil para a temperatura corporal ser controlada.
Se a temperatura do ar está alta mas a umidade está baixa ou vice-versa, a temperatura de bulbo úmido não atingirá o nível limite apresentado pelo estudo. Por essa razão, suportamos temperaturas ambiente acima de 35ºC no nosso dia a dia. Porém, em locais com altas temperaturas e umidade elevada, pode-se atingir níveis alarmantes para a saúde humana.
Segundo a reportagem da Live Science, para fins de comparação, quando a temperatura do ar é de 46,1ºC e a umidade relativa é de 30%, a temperatura de bulbo úmido registrada é de cerca de 30,5ºC. No entanto, numa situação em que a temperatura do ar é de 38,9ºC e a umidade relativa é de 77%, o termômetro de bulbo úmido registrará 35ºC.
Efeitos do calor no corpo humano
De acordo com o cientista Colin Raymond, “se a temperatura de bulbo úmido se eleva acima da temperatura corporal humana, você consegue produzir suor, mas não será capaz de resfriar seu corpo à temperatura que ele precisa para operar fisiologicamente”.
Quando a temperatura corporal se eleva acima de 40ºC, o corpo se torna hiper-térmico e a pessoa pode sentir sintomas como aceleração do pulso, alterações mentais, falta de suor, desmaios, e, em situações mais graves, coma.
Ainda segundo Raymond, a temperatura de bulbo úmido de 35ºC não é capaz de causar morte instantânea, porém estima-se que, quando submetido a essas condições extremas, em cerca de 3 horas o corpo humano não conseguirá sobreviver.
Pessoas idosas, com algumas comorbidades, tais como obesidade, ou que tomam certos medicamentos não conseguem fazer uma regulação de temperatura tão boa quanto uma pessoa saudável e são mais sensíveis a altas temperaturas. Isso ajuda a explicar o porquê de algumas pessoas morrerem mesmo em condições de temperatura de bulbo úmido abaixo dos 35ºC.
Importante destacar ainda que o valor exato da temperatura limite e do tempo máximo de exposição é algo difícil de ser estabelecido, por motivos óbvios: nos experimentos não se pode levar uma pessoa ao limite por questões de segurança. Tendo isso em vista, Raymon estima que o valor real limite se situa entre os 34ºC e 36,5ºC.
Regiões de risco no mundo
Felizmente, por enquanto, poucos locais no mundo registraram temperaturas de bulbo úmido de 35ºC, segundo o estudo da Science Advances. Regiões do Paquistão e do Golfo Pérsico tiveram registros mais recentes.
Mas isso não é motivo para não se preocupar! De acordo com Colin Raymon, atualmente há localidades no mundo que registram a temperatura limite por uma ou duas horas, e o aquecimento global pode agravar o quadro. Ele estima que, nos próximos 30 a 50 anos, o noroeste do México, norte da Índia, sudeste da Ásia e oeste da África, podem ser incluídos na lista de locais de risco.