Privatizar a Petrobrás reduziria o preço dos combustíveis? Veja o que diz especialista!

A crise dos combustíveis no Brasil está se tornando cada dia mais grave com aumentos constantes dos preços nas bombas.

Em meio a uma crise de preços de combustível no Brasil, a estatal Petrobras anunciou mais um aumento nos preços da gasolina e do diesel para as distribuidoras. A mudança entrou em vigor na terça-feira (27). Com o aumento, o preço da gasolina passará de R$ 2,98 para R$ 3,19 o litro, um salto de 7,04%. Este é o segundo aumento de preço neste mês, com a gasolina já se tornando 7,2 por cento mais cara em 9 de outubro. O litro do diesel passou a custar R$ 3,34, um aumento de 9,15% em relação aos R$ 3,06. 

O presidente Jair Bolsonaro já havia indicado que haveria novos aumentos enquanto falava em um evento no domingo. “Infelizmente, devido aos preços do petróleo no exterior e do dólar aqui nos próximos dias, a partir de amanhã, teremos um aumento no preço dos combustíveis”, disse. No acumulado do ano, o diesel já está 65,3% mais caro nas refinarias, com os preços na bomba subindo 35% no mesmo período.

Protestos

Poucos dias depois de motoristas de caminhão nos estados do sudeste brasileiro protestarem contra o aumento dos preços dos combustíveis, seus colegas do Norte do país fizeram o mesmo na manhã de terça-feira. Com uma lista de demandas que incluía uma mudança na política de preços do Brasil, cerca de 200 caminhoneiros bloquearam parcialmente a rodovia BR-316 fora de Belém, capital do estado do Pará.

Com os preços dos combustíveis subindo descontroladamente, a insatisfação entre os caminhoneiros tornou-se palpável, com os apelos para uma paralisação nacional em 1º de novembro.

A grande maioria do transporte de carga no Brasil é realizada por rodovia, dando aos motoristas de caminhão uma grande vantagem nas negociações sobre as políticas de preços de combustível e outras questões que afetam a profissão. Em 2018, caminhoneiros de todo o país fizeram uma greve de 11 dias, levando o Brasil à quase paralisação e causando escassez de alimentos em vários centros urbanos.

O presidente Jair Bolsonaro está ciente dos riscos de uma paralisação de caminhoneiros, que se realizada em grande escala pode causar um pandemônio em um país que já sofre com a inflação altíssima. O governo buscou bajular os caminhoneiros oferecendo um benefício mensal de R$ 400 para cada profissional do setor, mas os dirigentes sindicais descartaram a proposta como “apenas uma medida paliativa”.

Privatização da Petrobrás resolveria a situação?

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse na última segunda-feira que a privatização da Petrobrás continua a ser estudada pelo governo federal. O líder do governo no Senado também destacou a fala do presidente e isso levou a uma disparada das ações da empresa no mercado de ações, com crescimento de 7%.

Entretanto, diversos especialistas dizem que a privatização não resolveria a situação atual. Pelo contrário. Analistas indicam que uma possível privatização geraria um monopólio privado e também elevaria o preço dos combustíveis.

“A privatização não resolve o problema dos preços dos combustíveis. Pelo contrário, ela, em função da criação de um monopólio privado, pode vir a piorar a situação”, disse Carla Ferreira, pesquisadora do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineeep) em entrevista à CNN.  

“O Ineep fez um levantamento acompanhando algumas experiências de países que conseguem ter um maior controle dos seus preços internos, não tendo essa volatilidade ou esse movimento de alta muito grande, justamente utilizando suas empresas estatais de petróleo e a sua capacidade de refino”, destacou.

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