10 instrumentos musicais árabes para você conhecer
A música arabe tem história oral complementada por instrumentos típicos seculares.
A música árabe é a mais pura reflexão da riqueza da própria cultura dos países médio-orientais. Os países árabes têm estilos musicais diversos em virtude dos variados dialetos que, ali, convivem. Por isso, cada um tem sua própria identidade e música tradicional. Apesar da ênfase nos vocais humanos, os instrumentos musicais árabes desempenham papel fundamental na característica única que o ritmo tem.
Impossível não reconhecer uma música típica árabe já nos primeiros acordes! Isso se deve tanto à vocalização quanto aos instrumentos únicos, como o oud e o kamanija. E vamos combinar que, já nas notas iniciais, é irresistível não mexer os quadris pelo ritmo contagiante? Talvez por ser um compilado enorme da música dos 22 Estados que compõem o chamado mundo árabe, o que a torna única.
Abaixo, faremos um pequeno apanhado sobre a história da música e, em seguida, citaremos os principais instrumentos musicais árabes. Assim, conheceremos mais sobre essa rica expressão que ganha cada vez mais admiradores.
A história da música árabe
No início dos anos 2000, o Brasil viu a popularidade da música árabe crescer no país, em virtude de produções como O Clone. A partir daí, fomos nos familiarizando com nomes como Tarkan, Khaled e até hits de cantores consagrados, a exemplo da colombiana Shakira e sua Ojos Así. Mas, a música árabe tem muito mais raízes que as novelas da Globo ou trilhas que embalaram as casas noturnas.
Entende-se por música árabe os gêneros produzidos entre a Ásia Menor e o Oceano Atlântico, território que inclui ainda parte da Espanha. São ritmos que já existiam antes do Islamismo, sob a forma de poesia oral. As declamações eram feitas entre os séculos V e VII, acompanhadas por um tambor ou outro instrumento típico. Naquela época, o ritmo tinha influências turca e persa.
Até a disseminação do Islamismo, a música árabe era entoada na Península Arábica, região na qual os condutores de camelo imitavam os passos do animal. A crença era de que o som afastava os maus espíritos. Também era ouvida em batalhas, acompanhadas de diferentes instrumentos.
Com o início do período islâmico, o estudioso muçulmano Isḥaq al-Kindi traduziu os princípios da música grega ao publicar 15 artigos sobre teoria musical.
As primeiras coleções enciclopédicas de poesia e música foram produzidas nos séculos IX e X, dando sequência ao estudo teórico da música árabe.
Posteriormente, o físico Abū Naṣr al Farabi publicou o Grande Livro de Música, obra que até hoje dá subsídio na documentação do sistema de tons árabe puro. Andaluzia tornou-se o centro de produção de instrumentos musicais no século XI, exportando-os para o resto da Europa.
Ainda no século XIII, Safi al-Din al-Urmawi desenvolveu notas musicais com representações geométricas que só apareceriam no mundo ocidental no final do século XX.
A música otomana acabou influenciada pela bizantina, armênia, árabe e persa, graças à ascensão do vasto Império Otomano entre os séculos XIII e XX. Como resultado, os maqams melódicos da música árabe, turca, armênia e bizantina são o sistema rítmico de referência.
Mas, o que são os maqams? Trata-se da forma como a música árabe define a melodia. São um modo melódico que é utilizado tanto para a música instrumental quanto para a vocal. É bom frisar que, ainda hoje, tanto a poesia quanto a música de cada região seguem preservando as tradições orais bem características.
Instrumentos árabes
Os instrumentos tradicionais árabes são divididos em duas famílias, cada uma composta por dois itens. A sahb, que significa “som contínuo”, traz a flauta (nay) e o violino. Já o naqr, ou “som martelado”, inclui o alaúde (oud) e o qanun.
Ambas se complementam para resultar em um som rico e complexo. Aos quatro instrumentos, associa-se o riq, de percussão, que, às vezes, é complementado ou substituído pela tabla.
Veja mais detalhes sobre cada um deles, além de outros instrumentos, a seguir:
Oud
O oud ou alaúde é um dos instrumentos mais antigos da música árabe, enquadrado na categoria dos instrumentos de cordas.
Seu timbre quente, profundo e suave vem da faixa composta por três oitavas e não possui trastes. O formato lembra uma pera e o pescoço curto é ideal para executar maqamat e ornamentos. O instrumento é construído com madeiras nobres.
No século VIII, era feito com quatro cordas, mas a quinta foi acrescentada no século seguinte. Até hoje, esta é a combinação mais comum: cinco pares de cordas afinadas em uníssono e uma corda mais grave feita de nylon ou tripa de animal.
Violino árabe
O violino árabe não é igual ao europeu, apesar de ser um parente próximo. Também chamado de Kamanjā ou kamanjah, foi adotado pelos árabes na segunda metade do século XIX, em substituição ao violino egípcio de duas cordas.
O instrumento de cordas é dividido em três partes: haste, corpo e couro. Produzido com cabaça, emite um tom muito mais suave do que outros instrumentos árabes de corda.
Embora sua execução seja inicialmente difícil, o tocador logo domina a arte de tocá-lo. Como não possui trastes, é muito usado na reprodução de sons das maqamat, com tons anasalados e penetrantes.
Nay
O nay (nome farsi para “cana”) é uma flauta aberta e oblíqua feita de cana com nove partes iguais. O instrumento possui seis orifícios na frente e um atrás. A flauta pode ter tamanhos diferentes, dependendo da altura e escala.
O instrumento é tocado com as pontas dos dedos. O nay é também apreciado por seu timbre poético e possibilidades sonoras. É um precursor da flauta moderna.
Qanun
O qanun é descendente da velha Harpa Egípcia e integra a música árabe desde o século X. Ao longo do tempo, foi introduzido na Europa até se tornar conhecido como cítara.
O instrumento é de suma importância na execução da canção, uma vez que determina a afinação dos demais e, também, dos cantores. O qanun tem a forma de trapézio de 72 cordas tocadas com os dedos ou palhetas.
Riq
O riq é um pequeno pandeiro coberto com pele de cabra ou peixe esticada sobre uma moldura de madeira. O instrumento tem ainda cinco conjuntos de dois pares de pratos de latão uniformemente espaçados ao redor da moldura.
Na primeira metade do século XX, era o único instrumento de percussão. Quando a tabla apareceu, já na segunda metade do século, os tocadores adotaram uma técnica que enfatiza o címbalo sobre o som da membrana.
Tomtom
Também conhecido como dumbelek ou darabukka, o tomtom é um instrumento árabe muito popular na música dos Balcãs e Turquia. O casco é feito de pele de cabra ou peixe, embora hoje, metal e plástico sejam usados em sua construção.
Tocado com duas mãos, emite grande variedade de sons. Outro instrumento bastante parecido com o tomtom é o dohola, porém mais grave, de bocal maior e também usado na percussão.
Dulcimer
O dulcimer é um dos instrumentos musicais árabes que pertencem ao grupo de cordas e percussão. Feito com nogueiras e árvores exóticas semelhantes, tem origem iraniana e é executado por meio de palhetas. A composição do instrumento pode variar de acordo com a região. Assim, podem ser encontrados:
- dulcimer iraquiano
- dulcimer do Irã
- dulcimer turco
- dulcimer indiano
- dulcimer grego
- dulcimer húngaro
- dulcimer chinês
- dulcimer de Belarus
Rebab
O rebab se enquadra na categoria de instrumentos de corda e é um dos mais populares e antigos de toda a Ásia Central. Feito de madeira e coberto com pele, tem três cordas de cobre que produzem um som muito alto, por isso, é apropriado para execução ao ar livre. Normalmente, acompanha festas e outros rituais.
Tabla
A tabla é um tambor em forma de cálice. Conforme o ponto em que o tambor é tocado, muda o tipo de som emitido. A tabla e o riq definem o ritmo de grande parte da música árabe.
Mijwiz
Muito popular na Síria, Líbano e Palestina, o mijwiz parece uma flauta dupla cujas partes unidas são tocadas em uníssono. Acompanha o dabke em casamentos e outras festas, produzindo efeitos mágicos nos ouvintes.
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