Crise dos nômades digitais em Portugal: para onde ir agora?

Será que o sol finalmente se pôs para os nômades digitais no país?

Não faz muito tempo, a gente trouxe aqui uma lista atualizada com os países que concedem visto para trabalhadores remotos, especialmente nômades digitais. Entre eles, Portugal, cuja categoria favorece principalmente pessoas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), como o Brasil. Mas parece que a vida dos nômades digitais em Portugal já não está tão sorridente assim!

Quando a modalidade de visto surgiu, as grandes cidades, como Lisboa, receberam essa turma de braços abertos. Começando pelos aluguéis, até então, acessíveis, invernos amenos, população jovem e cena social vibrante. Mas tudo que é bom dura pouco e não foi diferente com tanta abertura. O influxo de aproximadamente 16.000 pessoas extras, além dos 6,5 milhões de turistas anuais, começa a deixar um gosto amargo que nem todo pastel de nata do mundo consegue disfarçar.

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Por que já não é tão vantajoso para os nômades digitais em Portugal?

Como nossa matéria trouxe, para se qualificar no visto de nômade digital, a pessoa deve ganhar pelo menos €3.280 por mês. No entanto, quem vive no país sabe bem que esta, nem de longe, representa a realidade dos salários pagos por lá. Só para ilustrar, em média, os portugueses ganham de €1.000 a €1.300 por mês, inclusive nas mesmas profissões que os nômades exercem.

Vale também lembrar que, com ou sem nômades digitais, Portugal tem um dos salários mínimos mais baixos da Europa, chegando a €957 por mês. Isso se vê com ainda mais nitidez se comparado aos:

  • €2.146 da Irlanda
  • €2.571 de Luxemburgo
  • €1.323 da Espanha

Mesmo assim, a inflação sobe em todos os setores, principalmente os aluguéis. Se, antes, uma pessoa “arrendava” um apartamento de dois quartos (T2) no Porto por €400, hoje esse valor corresponde a um quarto na Invicta. Isso se estiver com sorte!

Os valores são ainda maiores na capital e começam a aumentar também em cidades do interior. Ou seja, o país mergulha em uma crise habitacional. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), os preços das casas em Portugal dobraram desde 2018.

Medidas do governo para acalmar os moradores

Se está ruim para os nômades digitais em Portugal, imagina para os nativos! Tanto que há reações negativas dos portugueses, até na forma de protestos. Como resultado, as autoridades reconsideraram algumas iniciativas que inicialmente atraíram os profissionais para o país.

Entre essas mudanças, está o fim do regime de residência fiscal não habitual (RNH) em janeiro. Antes, a medida oferecia uma taxa fixa de imposto de renda de 20%. Claro que, da parte de quem contrata profissionais remotos, essa decisão não foi bem recebida.

Gonçalo Hall, CEO da Nomadx, criticou a medida, afirmando que “Portugal estava atraindo algumas das mentes mais brilhantes do mundo com o RNH. Portanto, acabar com essa ferramenta foi o maior erro do governo anterior”. Segundo Hall, muitas pessoas interessadas no país agora se mudam para a Espanha ou Dubai. Assim, compara o êxodo de nômades digitais a uma “fuga de cérebros”.

Então, para evitar a perda de talentos entre os nômades digitais, ele sugere que o governo adote uma estratégia nacional para descentralizar e atrair profissionais para outras regiões de Portugal. Por exemplo, Algarve e Madeira.

Além disso, a legislação Mais Habitação, aprovada em 2023, tem o objetivo de aumentar a disponibilidade de aluguéis de longo prazo. Com isso, pode proteger os inquilinos contra aumentos abusivos.

A princípio, os aluguéis não podem aumentar mais de 2% em casas alugadas nos últimos cinco anos. O governo também suspendeu novas licenças de Airbnb e aluguéis de curto prazo em áreas costeiras populares.

Por fim, aqueles com 65 anos ou mais, ou que têm uma doença, estão protegidos pelo Novo Regime de Arrendamento Urbano. De modo geral, a medida impede aumentos de aluguel de quase 7%.

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De Portugal, para onde os nômades digitais podem ir?

O país pode não ser mais tão interessante, mas a onda de profissionais remotos digitais não deve acabar tão cedo. E aí, para onde ir? Felizmente, a saída de Portugal representa uma oportunidade em outros destinos europeus.

Budapeste, na Hungria, é 28% mais barata que Lisboa, com aluguéis 56% mais baixos. Além disso, Talín, na Estônia, é 11% mais barata e os aluguéis são 50% menores.

Por fim, Bucareste, na Romênia, oferece um custo de vida 34% mais baixo e aluguéis 63% mais baratos do que a capital portuguesa. Ou seja, opções não faltam. Resta saber se a migração em massa também não vai afetar a vida local nessas cidades!


Com informações de Euronews

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