Conheça Nagoro, a vila onde os mortos ganham vida em bonecos de palha

A aldeia japonesa de Nagoro atrai turistas com seus mais de 400 bonecos, representando moradores ausentes e mantendo viva a história local

Na aparentemente tranquila aldeia de Nagoro, no Japão, algo peculiar está acontecendo. À primeira vista, parece apenas um típico vilarejo rural, com moradores mais velhos cuidando de seus jardins e o som dos pássaros ao fundo.

No entanto, ao observar com mais atenção, fica evidente que algo está fora do comum: a maioria das “pessoas” não é real. Este é o intrigante universo dos espantalhos em tamanho real de Nagoro.

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Conheça a história por trás da Vila dos Espantalhos

Tsukimi Ayano, uma artesã de 75 anos, é a criadora dessa tradição única. Após passar décadas vivendo em Osaka, ela retornou a Nagoro em 2002 e encontrou uma aldeia quase deserta.

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Dos mais de 300 moradores que lá viviam, restavam apenas 30. Assim, determinada a trazer vitalidade à sua terra natal, Ayano teve a ideia de confeccionar espantalhos para preencher o vazio deixado pela saída dos antigos habitantes.

O projeto começou de forma simples, com um único espantalho, feito para proteger sua horta e inspirado na aparência de seu falecido pai. Porém, a semelhança era tamanha que os vizinhos confundiram o boneco com uma pessoa real.

Desde então, Ayano mergulhou em um projeto criativo, confeccionando figuras que representavam os antigos moradores da aldeia.

Uma vila transformada pelos bonecos

 Vila de Bonecos Nagoro
Nagoro, a aldeia japonesa revitalizada por bonecos em tamanho real que homenageiam antigos residentes — Foto: Flickr

Com o passar dos anos, Nagoro deixou de ser apenas uma aldeia isolada e se tornou uma atração turística conhecida como a Vila dos Espantalhos. Mais de 400 dessas figuras estão espalhadas pela localidade, cada uma com sua própria história e personalidade, tornando o vilarejo um espaço onde o passado e o presente se encontram de forma poética.

Os espantalhos são feitos manualmente por Ayano, utilizando materiais simples como palha, tecido, jornais e roupas usadas. Cada boneco demanda cerca de três dias de trabalho, com atenção especial aos detalhes, principalmente na criação de expressões faciais realistas.

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Uma resposta ao despovoamento e à solidão

A história dos espantalhos de Nagoro reflete um fenômeno mais amplo que afeta o Japão e outras regiões do mundo: o declínio demográfico e o êxodo de jovens das áreas rurais para os grandes centros urbanos. Com isso, muitas comunidades enfrentam dificuldades para preservar sua identidade e manter a vitalidade local.

Para Ayano, os espantalhos não são apenas substitutos para os moradores que partiram, mas também uma forma de preservar a memória daqueles que já se foram. Cada boneco é uma conexão com o passado e uma maneira de enfrentar a solidão que circunda a aldeia.

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