A cidade de São Francisco, uma das mais ricas dos Estados Unidos, enfrenta os desafios da queda dramática no turismo pós-pandemia. Seus hotéis de luxo parecem afundar em dívidas, resultado do quase desaparecimento dos turistas que buscam a Golden Gate. Só para ter uma ideia, a crise hoteleira em São Francisco atinge grandes cadeias com perdas que chegam aos nove dígitos!
Segundo reportagem do Daily Mail, dois dos maiores hotéis da cidade, o Hilton Parc 55 e o Hilton San Francisco Union Square, perderam juntos cerca de US$ 1 bilhão em valor. Com isso, reduziram seu valor combinado para US$ 553,8 milhões.
Além disso, a taxa de inadimplência de empréstimos lastreados em hipotecas comerciais para o setor também subiu. A princípio, o aumento foi para 41,6% em junho, em comparação aos 5,7% do ano anterior.
Essa situação ocorre em meio às dificuldades da cidade em recuperar os níveis de turismo anteriores à pandemia. Enquanto isso, outras regiões do país já apresentam sinais de recuperação.
Impactos da crise hoteleira em São Francisco
Em entrevista ao jornal britânico, Anna Marie Presutti, presidente interina da Associação de Turismo de São Francisco, comentou que 2024 “será definitivamente um ano difícil”. Ela não espera uma recuperação significativa no número de visitantes antes de 2028 ou 2029.
E a gestora não é a única. Dados da CoStar Group mostram que a ocupação hoteleira nos finais de semana na região de São Francisco-San Mateo caiu 22% desde 2019, enquanto a média geral no país é de apenas 4%. Mas, por que as pessoas deixaram de visitar SFO?
A princípio, alguns motivos vêm desestimulando os turistas, como:
- altos custos de vida
- mercados de drogas a céu aberto
- aumento da população de sem-teto
- criminalidade crescente
Além disso, a forte valorização do dólar incentiva os estadunidenses a viajarem para o exterior. Por outro lado, afasta os turistas chineses, uma importante fonte de visitantes, que agora estão mais cautelosos devido à incerteza econômica.
Repercussões para trabalhadores e a indústria de hotéis
Claro que a corda sempre vai arrebentar do lado mais fraco nessa crise hoteleira em São Francisco, né? Inicialmente, a recuperação parcial das viagens a trabalho não foi suficiente para compensar a queda no turismo de lazer. Por isso, muitos trabalhadores da hospitalidade enfrentam cortes de horas, forçando-os a buscar empregos adicionais.
Uma funcionária do Hilton Union Square, por exemplo, compartilhou com o Daily Mail que assumiu um segundo emprego no Oracle Ballpark devido à redução de sua carga horária.
Para piorar, o fundo de investimento imobiliário Park Hotels & Resorts decidiu remover o Hilton Parc 55 e o hotel da Union Square de seu portfólio. Segundo Tom Baltimore, CEO da empresa, a estratégia melhorou significativamente o balanço e métricas operacionais da companhia.
E tem mais um fator. Grandes empresas de tecnologia, como Google e Meta, se afastaram do Moscone Center, principal centro de convenções da cidade. Isso também contribuiu para a crise hoteleira em São Francisco, pois a mudança de conferências para destinos como Las Vegas deve diminuir os eventos em 26%. Consequentemente, a probabilidade é de 31% a menos em pernoites relacionados a eles.
Mas, ainda há esperança!
Apesar dos desafios, há sinais de recuperação na crise hoteleira em São Francisco. Turistas europeus e visitantes da Índia, por exemplo, começam a retornar à Bay Area, conforme relatado pela associação de turismo local.
Alex Bastian, CEO do conselho de hotéis da cidade, reconheceu os desafios enfrentados pela indústria. Entretanto, mantém o otimismo de que SFO está no caminho certo para recuperar seu status de atração turística na Costa Oeste.