Paraíso turístico brasileiro já foi conhecido como “Ilha Maldita” – Entenda essa história!
Descubra a história da ''Ilha Maldita'' de Fernando de Noronha, onde presos políticos, comuns e até capoeiristas eram submetidos a condições adversas no séc. XVIII.
Quem ouve falar em Fernando de Noronha nem imagina que o tão sonhado paraíso brasileiro foi palco de um passado sombrio, ficando conhecida como a “Ilha Maldita”. A ilha se tornou um depósito humano, um isolamento ideal ligando o continente europeu e o Novo Mundo.
Entenda como Noronha ficou conhecida como a “Ilha Maldita”
No século XVIII, a partir de 1737, funcionou como local de isolamento para exilados políticos, presos comuns, ciganos e até capoeiristas. O apelido de “Ilha Maldita” era dado às condições adversas dos presídios, que eram construídos pelos presos.
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Também chamada de “ilha fora do mundo” nos séculos XIX e XX, Noronha abrigou prisões muito apertadas e sem proteção contra o clima. Os homens foram acorrentados e submetidos a tortura psicológica na Ilha Rata, que era como um confinamento solitário a céu aberto. A área em volta foi devastada para evitar fugas em jangadas improvisadas.
Descoberta em 1503 e esquecida por quem a descobriu primeiro, a história da ilha foi escrita por prisioneiros que ignoraram a independência do Brasil em 1822 porque o isolamento era tão intenso que os cariocas continuaram a hastear a bandeira portuguesa durante dois anos.
A ilha era bastante visitada por pessoas vindas da França, Holanda, Itália e, claro, Portugal, mas só em 1737 é que Portugal voltou a ter interesse por Fernando de Noronha. A ilha foi transformada na Colônia Correcional de Fernando de Noronha, e as atuais edificações da Vila dos Remédios, incluindo a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios (1737), foram construídas com mão de obra carcerária.
Uma história construída pelas mãos dos próprios condenados
O patrimônio histórico da ilha inclui um sistema de defesa com dez fortificações. As ruínas da Fortaleza de Nossa Senhora dos Remédios, no topo da colina, são o destaque. Uma visita autoguiada parte do Palácio de São Miguel para explorar edifícios como a Vila dos Remédios, onde prisioneiros que não se comportavam passavam as noites.
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A Ladeira do Forte, que proporciona uma vista panorâmica da região, leva ao Forte de Nossa Senhora dos Remédios, que serviu de prisão e abrigo para soldados americanos durante a Segunda Guerra Mundial. A prisão conjunta funcionou até 1938, antes da ilha ser entregue à União e tornar-se prisão política federal.
Em 1938, Getúlio Vargas pediu o arquipélago para abrigar 600 homens, entre eles o guerrilheiro Carlos Marighello. Em 1942, os presos foram levados para o presídio de Ilha Grande, no Rio de Janeiro. O arquipélago tornou-se território militar até 1988.
Com o golpe militar de 1964, foi criada uma prisão política especial em Noronha. Durante o período entre 1964 e 1967, 34 presos foram mantidos na ilha, incluindo o governador Miguel Arraes. Após a reincorporação a Pernambuco em 1988, Miguel Arraes assumiu o cargo de governador no mesmo local onde estava preso.