Cidades fantasmas são locais que, por razões diversas, acabaram abandonadas, deixando ruínas ou restos visíveis para trás. Guerra, declínio econômico, poluição, desastres naturais ou acidentes radiológicos fizeram com que lugares antes movimentados, de repente, se tornassem quase ou totalmente desabitados. Com acesso restrito ou atrações turísticas, conheça 18 cidades fantasmas espalhadas pelo mundo.
Ruas silenciosas, prédios abandonados e um vazio digno de filme de terror ou show pós-apocalíptico mostram a visão triste de comunidades antes prósperas. Ainda que, de certo modo, assustadoras, as cidades fantasmas despertam o fascínio, tornando-se um fenômeno turístico há milênios. Por isso, muitas das cidades fantasmas espalhadas pelo mundo tornaram-se parques e atrações abertas à visitação.
Assim, com apenas uma volta, o visitante vê a intimidade e privacidade expostas, relembrando aquilo que já foi esquecido em cada detalhe. Paredes desmoronadas, janelas quebradas e gavetas abertas mostram aquilo que foi deixado para trás por razões diversas. No entanto, algumas delas restringem o acesso, proibindo a entrada por motivos de segurança, aguçando ainda mais a curiosidade.
Posto de mineração abandonado na Namíbia, complexo indígena fantasma no Novo México ou uma cidade devastada por acidente nuclear. Confira a lista de 18 cidades fantasmas espalhadas pelo mundo.
Cidades fantasmas pelo mundo
Pripyat, Ucrânia
Pripyat, na Ucrânia, talvez seja uma das cidades fantasmas mais conhecidas desta lista. Fundada em 1970 para apoiar a próxima usina nuclear de Chernobyl, Pripyat foi a nona cidade nuclear da União Soviética e chegou a uma população de 49.360 habitantes. Contudo, acabou evacuada um dia após o maior acidente radiológico do mundo, o desastre de Chernobyl, ocorrido na tarde de 27 de abril de 1986.
Os altos índices de radiação fizeram com que a região fosse abandonada e se tornasse uma cidade fantasma. Os níveis de radiação reduziram com o tempo, por isso, empresas ucranianas organizam visitas guiadas ao local. Contudo, o passeio tem tempo e acesso limitados por motivos de segurança, pois o risco de contaminação ainda existe.
Goldfield, EUA
Goldfield está localizada entre as Montanhas da Superstição e Goldfield, e foi fundada em 1892. Outrora um campo minado fluorescente, a cidade nasceu após a descoberta de minério de ouro de alta qualidade na área. As minas impulsionaram o crescimento da região que, então, viu serem construídos agência postal, três bares, pensão, loja geral, cervejaria, ferreiro, açougue e uma escola.
Goldfield chegou a ter população com 1.500 pessoas em seu auge mas, tão rápida quanto seu apogeu, foi sua queda. Apenas cinco anos após sua fundação, Goldfield foi deixada para trás assim que as jazidas de ouro se esgotaram. A cidade mudou de nome para Youngberg, retornando para a antiga alcunha quando comprada por investidores. Hoje, é uma atração turística que inclui passeios por minas subterrâneas.
Döllersheim, Áustria
A vila de Döllersheim – e seu declínio – tem fortes ligações com o Fuhrer Adolf Hitler. Estima-se que seu surgimento remonte ao século XII, pela primeira menção a seu nome em 1143, pelo duque Henri XI da Baviera. Próximo à vila, havia uma aldeia chamada Strones, onde Alois Hitler, pai de Adolf Hitler, nasceu em 1837. A aldeia não tinha capela então sua mãe, Maria Schicklgruber, foi à paróquia de Döllersheim para registrar o nascimento.
Em 1938, a Áustria foi anexada pela Alemanha nazista e Hitler ordenou que Döllersheim, bem como aldeias vizinhas menores, fossem evacuadas. O intuito era formar uma grande área para treinamento militar. Para isso, os moradores tiveram suas casas bombardeadas (inclusive, como parte do treinamento) e foram realocados à força. Hoje, algumas áreas seguem ocupadas pelas Forças Armadas Austríacas, mas outras estão liberadas para visitas desde 1981, incluindo a igreja paroquial românica de São Pedro e Paulo.
Plymouth, Montserrat
Plymouth está localizada na Ilha de Montserrat, território ultramarino do Reino Unido. Outrora capital, Plymouth foi construída sobre depósitos de lava próximos ao vulcão Soufrière Hills, até então considerado inativo. Eis que, surpreendentemente, o vulcão entrou em erupção no ano de 1995, e os moradores foram obrigados a deixar a cidade. Dois anos depois, a região foi completamente destruída pelo fogo, ficando coberta de poeira e detritos.
A atividade vulcânica continuou, assim, toda a metade sul da ilha foi declarada como zona de exclusão. Apesar disso, Plymouth segue sendo a capital de jure de Montserrat, o que faz dela a única cidade fantasma que é a capital de um território político.
Calico, EUA
Calico, no Condado de San Bernardino, Califórnia, foi construída em 1881 como cidade mineira de prata. O minério foi descoberto nas Montanhas Calico e, pouco tempo depois, um borato mineral de cálcio chamado colemanita. A atividade aumentou a fortuna cidade e, consequentemente, sua população. Há registros de que, em 1890, havia 3.500 pessoas vivendo por lá, entre chineses, ingleses, irlandeses, gregos, franceses e americanos.
Porém, os preços da prata caíram substancialmente em 1890, tornando as minas inviáveis. A população foi diminuindo e chegou ao seu ponto crítico na década seguinte, quando a mineração de bórax cessou na região, já em 1907. Atualmente, Calico é um destino turístico, após passar por restauração.
Wittenoom, Austrália
Mais uma cidade construída em torno da mineração, Wittenoom, no oeste da Austrália, foi fundada em 1946 para a exploração do amianto azul (hoje, considerado o mais perigoso dos seis tipos de amianto). Contudo, as minas pararam de produzir de forma rentável e acabaram fechadas em 1966. Somou-se a isso a preocupação com a saúde dos moradores e da própria população.
Wittenoom foi oficialmente excluída do mapa australiano em 2007, bloqueando as estradas que levavam às áreas contaminadas. Mas, mesmo o risco de contaminação não afugentou os turistas que transformaram o local em área de turismo extremo.
St. Elmo, EUA
Observou que a maior parte das cidades fantasma desta lista, especialmente nos EUA, tiveram seu auge e declínio ligados à atividade mineradora? Não é diferente com St. Elmo, vinculada à exploração do ouro e da prata. Originalmente nomeada como Forest City, teve seu nome alterado por Griffith Evans, um dos fundadores, para St Elmo. O motivo? O homem estava lendo um romance com o mesmo título!
O apogeu de St. Elmo deu-se em 1890, mas a indústria de mineração começou a declinar já no início da década de 20. O serviço foi interrompido de vez em 1922, com a passagem da ferrovia, afugentando a população. Alguns poucos moradores seguem por lá, mas é considerada uma das cidades fantasmas mais bem preservadas do Colorado. Por isso, também tornou-se destino turístico.
Val-Jalbert, Canadá
Val-Jalbert, no Canadá, está a 8 km de Chambord e foi fundada em 1901. A cidade deve seu crescimento à fábrica de celulose construída por Damase Jalbert nas proximidades. Porém, o moinho foi fechado em 1927 e a aldeia acabou deserta. Os mais de 70 prédios abandonados originais permanecem de pé e Val-Jalbert é uma das cidades fantasmas mais bem preservadas do Canadá. Por isso, foi transformada em parque em 1960.
Kolmanskop, Namíbia
Kolmanskop, no sul da Namíbia, também não escapou ao destino fadado às cidades mineiras. Diz-se que, em 1908, um trabalhador encontrou um diamante e o mostrou ao inspetor ferroviário August Stauch, então seu supervisor. A notícia logo se espalhou e os alemães tiveram instalação permitida para explorar diamantes na região. Tanto que, pouco tempo depois, uma grande área foi declarada como Sperrgebiet. E o que isso significa?
Significa que 320 km no sudoeste da Namíbia, desde Oranjemund (fronteira com a África do Sul) até 45 km ao norte de Lüderitz, fossem restritos à extração da pedra. Os primeiros mineiros ficaram ricos, o que atraiu a construção de uma vila no estilo alemão. Casas, hospital, salão de festas, usina de energia, escola, pista de boliche, teatro, salão, cassino, fábrica de gelo e a primeira estação de raios-X foram levantados lá.
Mas, veio a Segunda Guerra Mundial e, com seu fim, o campo de diamantes começou a se esgotar, diminuindo a população de Kolmanskop até seu total abandono em 1956. Atualmente, o deserto trouxe de volta parte da cidade e turistas, especialmente fotógrafos, visitam os edifícios com areia até os joelhos. Embora um local popular para turistas, Kolmanskop segue em área restrita e é necessário pedir permissão para entrar na cidade.
Dhanushkodi, Índia
Dhanushkodi, na Índia, foi vítima de um terrível desastre natural. Antes uma cidade cheia de vida, com vistas para o Mar Laccadive e Estreito de Palk, Dhanushkod viu tudo mudar em 1964. Este foi o ano da passagem do ciclone Rameswaram, que atingiu a cidade com ventos de até 280 quilômetros por hora e maremotos de 7 metros de altura. Tudo aconteceu na noite do dia 22 de dezembro, matando cerca de 1.800 pessoas.
A região foi abandonada e o governo de Madras declarou Dhanushkodi como uma cidade fantasma, ou seja, imprópria para viver. Tudo o que restou foram as ruínas e a Dhanushkodi Beach Point, onde turistas ainda conseguem tirar fotos cênicas.
Lifta, Israel
A vila de Lifta, em Israel, tem nascimento estimado na Segunda Idade do Ferro, devido a restos arqueológicos descobertos no local. Porém, Lifta foi despovoada na Guerra Civil de 1947-1948 na Palestina, como parte do êxodo palestino de 1948. Findo o conflito, famílias judias viveram no local, mas boa parte da comunidade judaica também saiu em 1971.
Parte da área foi transformada em clínica de reabilitação de drogas e escola secundária. Os últimos residentes deixaram Lifta em 2017 e, desde então, a vila foi declarada pelo governo como uma reserva natural israelense.
Glenrio, EUA
Glenrio, na linha de estado do Texas com o Novo México, foi originalmente uma cidade ferroviária, além de uma popular parada para motoristas na lendária Rota 66. A cidade ficava na fronteira entre dois estados, por isso, algumas práticas comerciais interessantes foram instituídas. Por exemplo, toda a gasolina era distribuída no Texas porque os impostos sobre o gás no Novo México eram mais altos sobre o gás.
Ainda, o condado de Deaf Smith, no Texas, seguia sob a Lei Seca, proibindo o comércio de álcool. Por isso, um bar e motel local foram construídos no lado do Novo México. Daí, veio a Interestadual 40 e o pessoal que seguia pela Rota 66 deixou de passar por Glenrio (bem parecido com a cidade da animação Carros, lembra?). Hoje, Glenrio é uma cidade fantasma que ainda preserva a memória de seus tempos áureos, além do espírito da Rota 66.
Ilha Hashima, Japão
A Ilha Hashima, também conhecida como Gunkanjima, fica a cerca de 15 km de Nagasaki, no sul do Japão. Lá, minas de carvão submarinas foram estabelecidas em 1887, cerca de 80 anos após a descoberta do minério na ilha. No ano de 1959, a população estimada da ilha beirava os 5.259 habitantes. Em 1974, perante o gradual esgotamento das reservas de carvão, as minas foram fechadas e as pessoas deixaram Hashima.
O local seguiu abandonado até o início dos anos 2000, quando as ruínas históricas da ilha despertaram interesse. Assim, governo japonês restaurou alguns dos edifícios e autorizou que turistas visitassem Hashima a partir de 2009. Em 2015, a ilha foi declarada Patrimônio Mundial da UNESCO.
Garnet, EUA
Garnet é mais uma das cidades mineiras abandonadas nos EUA. Fundada em 1860, foi o centro residencial e comercial de uma área cuja exploração do ouro era extrema. Acredita-se que, em 1898, cerca de 1.000 pessoas povoaram a cidade antes conhecida como Mitchell. Garnet foi abandonada duas décadas depois, quando o minério esgotou. A situação ficou ainda mais crítica quando um incêndio destruiu metade da cidade em 1912.
Hoje, Garnet é também um destino turístico, além de uma das cidades fantasmas mais bem preservadas do estado, recebendo 16.000 visitantes anuais.
Varosha, Famagusta, Chipre
Varosha é, hoje, um bairro abandonado do sul da cidade de Famagusta, no Chipre, mas já foi uma área turística moderna. Na década de 1970, despontou como destino turístico número um em todo o país, trazendo o aumento de hotéis e várias outras atrações. Em seu auge, era visitado por celebridades, como Elizabeth Taylor, Richard Burton e Brigitte Bardot. O declínio veio com a invasão turca no Chipre em 1974 e os moradores de Varosha precisaram fugir.
A área permaneceu abandonada e sob o controle das Forças Armadas turcas. Até hoje, Varosha está desabitada e a entrada é proibida.
Oradour-Sur-Glane, França
Oradour-sur-Glane, uma vila na região de Nouvelle-Aquitaine, no centro-oeste da França, teve seu triste fim com a invasão da Alemanha nazista. No fatídico 10 de junho de 1944, 642 pessoas, incluindo mulheres e crianças, foram massacradas por soldados nazistas alemães. Cerca de 30 sobreviveram ao massacre, com 20 escapando da vila antes da chegada da unidade da brigada.
A unidade era liderada por Adolf Diekmann, cercando a cidade e obrigando que todos a saíssem de suas casas. Os detalhes sórdidos do massacre podem ser ocultados, mas a crueldade do ato foi tamanha que, após a guerra, o então presidente francês, Charles de Gaulle, decidiu que a vila deveria ser transformada em memorial. Depois, uma nova vila com o mesmo nome foi construída nas proximidades.
Bodie, EUA
Bodie é, hoje, uma autêntica cidade fantasma do Velho Oeste com 110 edifícios. Mas, no século XIX, tinha de 5.000 a 7.000 habitantes e 2.000 construções após uma lucrativa mina de ouro ser descoberta. Os sinais de declínio começaram a aparecer no início do século XX, com o início da queda nos lucros.
Assim como outras cidades fantasmas, Bodie virou atração turística e os visitantes podem caminhar livremente pelas ruas desertas. Os restos permanecem como foram deixados, incluindo prateleiras ainda estocadas e lixo no chão. Ah, e tirar qualquer coisa do lugar é totalmente contra as regras do parque!
Craco, Itália
A última da lista é uma área histórica que remonta a 540 a.C., período em que os gregos se mudaram para o interior de Metaponto, uma cidade costeira, dando à área o novo nome de Montedoro. Séculos passaram e a região foi se desenvolvendo, vendo nascer uma universidade, quatro grandes palazzi e uma população crescente. Mas, em 1656, uma praga assolou a região e o número de cidadãos foi reduzido em centenas.
A única área que persistiu em meio a muitos conflitos foi Craco, contudo, sua queda era inevitável devido a fatores ambientais e geológicos. Entre 1892 e 1922, grande parte da população migrou para a América do Norte devido às más condições agrícolas. Já em 1963, Craco começou a ser evacuada em razão de um deslizamento de terra. Por fim, um terremoto em 1980 fez com que o local fosse completamente abandonado.
E aí, você conhecia alguma destas cidades fantasmas espalhadas pelo mundo? Sabe de mais alguma que não esteja nessa lista? Conta pra gente!