A incrível capacidade de adaptação do ser humano tem sido fundamental para nossa sobrevivência ao longo da história, mesmo quando enfrentamos desafios criados por nós mesmos. Esse talento adaptativo é evidenciado na cidade australiana de Coober Pedy, cujo nome de origem aborígene significa “buraco de homem branco”.
Situada no deserto da Austrália, Coober Pedy é cercada por vários buracos profundos, resultado da incessante busca de mineradores por opalas, uma pedra preciosa muito valorizada no mundo da joalheria.
Essa determinação resultou em Coober Pedy sendo responsável por cerca de 80% da produção mundial dessa gema.
No passado, os aborígenes se referiam a essa região como o local onde homens brancos cavavam incansavelmente, e muitos desses buracos permanecem abertos até hoje.
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Descoberta acidental de opalas inicia corrida do tesouro no deserto australiano
Em 1915, o que deveria ser uma busca comum por ouro se transformou em uma descoberta inesperada que mudaria o destino de uma região do deserto australiano. William Hutchison, um jovem de 14 anos, fazia parte de uma expedição com seu pai e sócios, todos focados em encontrar ouro.
O adolescente se separou do grupo na esperança de encontrar água, mas acabou se perdendo. Com a chegada da noite e sem sinal de William, seu pai ficou angustiado, temendo pelo pior. No entanto, quando o garoto retornou, trouxe não apenas alívio, mas também uma surpresa: seus bolsos estavam cheios de opalas.
Essa descoberta fortuita de William desencadeou uma frenética corrida ao deserto em busca dessa valiosa pedra. Enquanto alguns arriscavam e encontravam fortunas, o resultado duradouro dessa busca foi o surgimento de inúmeras crateras.
A cidade subterrânea que transformou antigas minas em lares e comércios
Os desafios de viver em um dos lugares mais áridos da Austrália, com temperaturas chegando a 45°C e sem sombra à vista, encontraram uma solução engenhosa em Coober Pedy: a vida subterrânea.
O que inicialmente eram apenas buracos escavados por mineradores em busca de opalas evoluiu para uma estrutura urbana subterrânea única, desafiando as convenções tradicionais de moradia e comércio.
Ao longo dos anos, esses buracos, inicialmente improvisados como proteção contra o calor extremo, foram aprimorados e adaptados para se tornarem residências permanentes. A temperatura amena de aproximadamente 22°C no subsolo proporcionou aos moradores um alívio do calor sufocante do deserto.
No decorrer do tempo, não apenas as casas se desenvolveram no subsolo. Ruas foram escavadas, estabelecimentos comerciais foram inaugurados e até mesmo a indústria do entretenimento encontrou seu caminho, com a abertura de cassinos e hotéis subterrâneos. Para aqueles que não são fãs de jogos e apostas, Coober Pedy também oferece opções culturais, como galerias de arte e, notavelmente, quatro belas igrejas subterrâneas.
Busca por riqueza e atração cinematográfica
Coober Pedy abriga cerca de 3.000 habitantes. Embora a motivação original para se estabelecer nessa cidade subterrânea tenha sido a busca por opalas, atualmente, além dos caçadores de gemas, o local também atrai curiosos turistas, incluindo grandes equipes de filmagem – tendo servido como cenário para o icônico filme “Mad Max”.
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O projeto engenhoso da cidade garante que, mesmo abaixo da terra, os habitantes não fiquem sem ar fresco. As chaminés visíveis na superfície não soltam fumaça, como se poderia esperar, mas desempenham um papel essencial ao fornecer ventilação, permitindo a circulação do ar e garantindo condições adequadas para a vida diária.
Quanto à água, vital para a sobrevivência em qualquer lugar do mundo, Coober Pedy adotou uma solução impressionante. Um sistema de encanamento de 25 km conecta a cidade à Grande Bacia Artesiana, um extenso aquífero que cobre uma área de 1,7 milhão de km², fornecendo um suprimento constante e confiável para os moradores.