Conheça o Templo de Angkor Wat e sua intensa história

O templo mais icônico do Camboja é patrimônio da humanidade e está sempre no roteiro dos viajantes que passam pelo país.

O complexo arqueológico de Angkor, no Camboja, tem mais de mil construções e é uma das maravilhas da arquitetura mundial. O parque tem 400 km² e é uma herança do Império Khmer, civilização que dominou boa parte do Sudeste Asiático. Por isso, a visita ao complexo de Templos de Angkor, Patrimônio Mundial da Humanidade, está sempre no topo da lista de muitos viajantes. Conheça o Templo de Angkor Wat, o principal deles, e toda a sua história. 

Templo de Angkor Wat (Camboja)

O complexo reúne fabulosos templos, como Angkor Thom, a última capital do império, e Angkor Wat, a expressão máxima do gênio Khmer. O templo inspirador é impressionante tanto pelo tamanho quanto pelos detalhes incríveis. Conheça um pouco sobre a sua história, o significado e as características deste renomado e icônico templo. É certo que, a partir daí, você vai começar a planejar aquela viagem que, nada mais nada menos, será uma experiência única na vida.

O que é Angkor Wat?

Angkor Wat é um complexo de templos em Angkor para o rei Suryavarman II no início do século 12 como seu templo estadual e capital. Angkor é uma forma vernácula da palavra nokor que vem do sânscrito nagara, que significa capital ou cidade. Wat é a palavra Khmer para templo. O nome, Angkor Wat, significa, então, “Templo da Cidade”. Originalmente, o templo era conhecido como Preah Pisnulok, devido ao título póstumo de seu fundador, Suryavarman II.

Trata-se da representação terrena do Monte Meru, o Monte Olimpo da fé hindu e a morada de deuses antigos. É a prova de que os reis-deuses cambojanos da antiguidade se esforçaram para melhorar as estruturas de seus ancestrais em tamanho, escala e simetria, culminando no que se acredita ser o maior edifício religioso do mundo. Como o templo mais bem preservado do local, Angkor Wat é o único que permaneceu como centro religioso significativo desde sua fundação. 

Primeiro, foi hindu, dedicado ao deus Vishnu, depois budista. É o maior edifício religioso do mundo e está no topo do alto estilo clássico da arquitetura Khmer. Tornou-se um símbolo do Camboja, aparecendo em sua bandeira nacional, e é a principal atração do país para os visitantes.

O Angkor Wat figura na bandeira do Camboja

Sobre o templo Angkor Wat

O Templo de Angkor Wat combina dois planos básicos da arquitetura do templo Khmer: a montanha do templo e o templo dividido em galerias. O projeto é baseado na arquitetura hindu indiana antiga, com características importantes, como o Jagati. A ideia era representar o Monte Meru, lar dos devas na mitologia hindu. Dentro de um fosso e uma parede externa de 3,6 quilômetros de comprimento estão três galerias retangulares, cada uma elevada acima da outra. No centro do templo estão as cinco torres. 

Ao contrário da maioria dos templos de Angkor, Angkor Wat é orientado para o oeste e os estudiosos se dividem quanto ao significado disso. O templo é admirado pela grandiosidade e harmonia da arquitetura, seus extensos baixos-relevos e pelos inúmeros devatas (espíritos guardiões) que adornam suas paredes. Por volta do século XII, os arquitetos Khmer se tornaram hábeis e confiantes no uso de arenito como principal material de construção.

Devatas nas paredes do templo

A maioria das áreas visíveis são de blocos de arenito, enquanto a laterita foi usada para a parede externa e peças estruturais. Angkor Wat atraiu elogios, acima de tudo, pela harmonia de seu design, comparado à arquitetura da Grécia e Roma antigas. Arquitetonicamente, seus elementos característicos incluem as torres ogivais em forma de botões de lótus; meias-galerias para alargar passagens; galerias axiais conectando gabinetes; e os terraços cruciformes que aparecem ao longo do eixo principal do templo. 

Vista aérea do Templo de Angkor Wat

Os elementos decorativos típicos são devatas, baixos-relevos e, em frontões extensos, guirlandas e cenas narrativas. Outros elementos do desenho foram destruídos por saques e pelo efeito do tempo. Assim, perderam-se o estuque dourado nas torres, douramento em algumas figuras nos baixos-relevos, painéis de teto e portas de madeira. O estilo de Angkor Wat foi seguido pelo período Bayon, no qual a qualidade era freqüentemente sacrificada diante da quantidade. 

Outros templos no mesmo estilo são Banteay Samré, Thommanon, Chao Say Tevoda e os primeiros templos de Preah Pithu em Angkor. Fora de Angkor, Beng Mealea e partes de Phanom Rung e Phimai.

Onde fica Angkor Wat?

Angkor Wat fica a 5,5 quilômetros ao norte da moderna cidade de Siem Reap, e a uma curta distância ao sul da capital anterior, que estava centrada em Baphuon. O templo está situado em uma área do Camboja onde existe um importante grupo de estruturas antigas. É o mais ao sul dos principais locais de Angkor.

Qual é a história de Angkor Wat?

O projeto inicial e a construção do templo ocorreram na primeira metade do século XII, durante o reinado de Suryavarman II (1113-1150). Dedicado a Vishnu, foi construído como  templo do estado do rei e capital. Como nem a pedra de fundação nem quaisquer inscrições referentes ao templo foram encontradas, seu nome original é desconhecido, mas deve ter sido chamado de Vrah Vishnu-lok. Estima-se que a construção tenha sido finalizada logo após a morte do rei, deixando parte da decoração do baixo-relevo inacabada. 

Suryavarman II representado em parede de Angkor Wat

Em 1177, aproximadamente 27 anos após a morte de Suryavarman II, Angkor foi saqueada pelos Chams, os inimigos tradicionais do Khmer. Posteriormente, o império foi restaurado por um novo rei, Jayavarman VII, que estabeleceu uma nova capital e um templo do estado (Angkor Thom e Bayon respectivamente), alguns quilômetros ao norte. No final do século XIII, Angkor Wat saiu gradualmente do hindu para o budismo Theravada, que continua até os dias atuais. 

Um dos primeiros ocidentais a visitar o templo foi António da Madalena, monge português que o conheceu em 1586. Segundo ele, “é de uma construção tão extraordinária que não é possível descrevê-lo com uma caneta, até porque é diferente de qualquer outro edifício no mundo. Possui torres, decoração e todos os requintes que o gênio humano pode conceber”.  No entanto, o templo foi popularizado no Ocidente apenas em meados do século XIX, com a publicação das notas de viagem de Henri Mouhot, um explorador francês.

Como é o templo Angkor Wat atualmente?

Angkor Wat se destaca dos demais templos de Angkor porque, embora negligenciado após o século XVI, nunca foi completamente abandonado. Deste modo, segue como o templo mais bem preservado, inclusive pelo fato de que seu fosso fornece proteção contra a invasão de árvores e matagal. O Archaeological Survey of India realizou trabalhos de restauração no templo entre 1986 e 1992 e, desde a década de 1990, há esforços contínuos de conservação devido ao aumento maciço no turismo. 

O templo faz parte do Patrimônio Mundial de Angkor, estabelecido em 1992, permitindo que o complexo recebesse financiamento para proteção do local. Ainda, o German Apsara Conservation Project (GACP) trabalha para proteger os devatas e outros baixos-relevos que decoram o templo contra os danos. De acordo com a organização, cerca de 20% dos devatas estavam em mau estado, principalmente pela erosão natural e deterioração da pedra. Porém, parte dessa deterioração vem dos esforços de restaurações anteriores.

O German Apsara Conservation Project é uma organização sem fins lucrativos dedicada À conservação de Angkor Wat

É importante destacar que Angkor Wat se tornou um importante destino turístico. De acordo com o Ministério do Turismo do Camboja, 2,2 milhões de turistas visitaram o Parque Arqueológico de Angkor, em Siem Reap, durante o ano de 2019. Esse número já foi, inclusive, maior, porém a instabilidade política na região e as taxas altas cobradas de turistas vêm causando uma queda nas visitas turísticas. Aqui, cabem algumas considerações sobre o pouco efeito que o afluxo de visitantes trouxe à estrutura. Exceto algumas marcas de grafite, poucos danos foram causados, o que não significa, entretanto, que não há problemas.

Por outro lado, o turismo trouxe fundos justamente para garantir a manutenção do templo. Parte do montante arrecadado com ingressos possibilitou a instalação de cordas e degraus de madeira para proteger os baixos-relevos e pisos.

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