Conheça Sete Cidades Fantasmas no Brasil e Desperte seu Imaginário!

Situadas em diferentes regiões do país, cada uma tem seu charme e sua história, despertando a curiosidade de quem se interessa pelo assunto.

Cidades fantasmas são localidades abandonadas por algum motivo, tanto pela extinção das atividades econômicas quanto por desastres, de ordem natural ou não. O fato é que estas cidades sempre despertaram o imaginário das pessoas, sendo motivos de pesquisas e reportagens. E, não pense que elas existem apenas no exterior! Conheça, agora, sete cidades fantasmas no Brasil e saiba tudo sobre história e curiosidades!

Sim, as cidades fantasmas existem no Brasil e estão em várias regiões. Sabe aqueles lugares tão vazios e silenciosos que o único barulho é o vento batendo nas ruínas das construções? Este é bem o cenário de sete cidades fantasmas brasileiras cujos moradores sumiram, deixando para trás lembranças, objetos e outros resquícios. Um conjunto que nos leva a questionamentos sobre os motivos de terem sido abandonadas no passado. 

Cidades Fantasmas no Brasil

Fordlândia – Pará

Fordlândia/PA

O nome desta cidade te lembra alguma coisa? Sim, Fordlândia vem de Henry Ford, o pai do Fordismo e da própria marca de veículos, a Ford. E, o que tem a ver isso com a cidadezinha no interior do Pará? 

Lá nos idos da década de 20, o empresário veio ao Brasil para fechar negócio em terras às margens do Rio Tapajós. A área seria destinada à produção de seringueiras que, mais tarde, alimentariam a abertura de uma fábrica de pneus. 

A região, na época, já era uma grande extratora de látex, por isso, o interesse. Daí, nasceu Fordlândia, cidade que rapidamente atingiu ápices de crescimento e prosperidade. Mas, tão rápido quanto seu crescimento foi seu desaparecimento! 

As seringueiras plantadas foram infestadas por pragas e acabaram morrendo. Como as construções foram trazidas dos Estados Unidos em navio, foi possível transferi-las para outro local. 

Galpão em Fordlândia

A nova vila, logo ali, atravessando o rio, foi batizada de Belterra, mas o empresário deve ter visto que o problema não estava na cidade, mas no modo de plantio. O desconhecimento da cultura de seringueira levou ao fracasso agrícola, piorado com a descoberta da borracha sintética. O produto oriundo do petróleo se juntou a outros problemas, o projeto foi descartado e sobrou para Belterra e Fordlândia o status de cidades falidas

Casa abandonada

Obviamente, ninguém aceitou a situação de modo passivo e foram registradas brigas e desentendimentos entre gerentes e funcionários. Afinal, os moradores antigos da região não estavam habituados ao jeito americano de lidar com a situação, muito menos satisfeitos. O choque foi tão grande que alguns gerentes fugiram para a floresta e houve a necessidade de intervenção do Exército Brasileiro para restabelecer a ordem. 

Maquinários

Tá, mas onde estava o Ford nessa história toda? Após a construção da cidade, o empresário nem retornou lá! E está tudo abandonado mesmo? Para não dizer que Fordlândia é um município reservado à vida natural, ainda resistem poucas construções e  moradores em número inversamente proporcional à sua vasta memória. O que sobra, também, são os espaços vazios e lendas da floresta. 

Igatu – Bahia

Ruínas de Igatu, na Bahia

Em plena Chapada Diamantina, Igatu nasceu a partir da exploração dos diamantes e pedras preciosas da região. O movimento possibilitou muita riqueza, casas, comércios, hospital e, sim, um cassino! As belezas naturais pairavam em abundância, assim como a vegetação, em especial o xique-xique, planta típica do Nordeste. Tanto que, durante seu auge, Igatu foi apelidada de, adivinhe só: Xique-Xique! 

Mas, aí, o ciclo do diamante foi entrando em declínio a partir da década de 20 e, com isso, a cidade perdeu seu esplendor. Muitos moradores deixaram a região em busca de novas oportunidades e, dos 10 mil habitantes, ficaram menos de 403 que guardam memórias e ruínas. Justiça seja feita, Igatu não ficou de todo abandonada. Apesar das casas coloniais em ruínas, existe a “parte nova” com moradores, alguns bares e restaurante rústico. 

Ruínas de casas de pedra em Igatu

Igatu é considerada como a Machu Picchu brasileira, sendo até tombada como Patrimônio Histórico e Cultural pelo Iphan. A magia ainda permeia a cidade e caminhar por suas ruas e calçadas de pedra é uma viagem histórica. A experiência permite descobrir lendas e histórias narradas pelos moradores, desde escravos fugitivos até sons das minas que ainda ecoam pela cidade. 

Galeria Arte e Memória

Uma dica é visitar a Galeria Arte e Memória em uma das ruínas, espaço a céu aberto criado para preservar lembranças, como louças, bateias, diamantes e lamparinas. A ideia de guardar objetos deixados pelos garimpeiros partiu de um morador artista plástico. As visitas são gratuitas e podem ser feitas de terça a domingo, das 09h às 17h. 

Placa, na Galeria Arte e Memória

Ararapira – PR

São José de Ararapira/PR

Como outras desta lista, São José de Ararapira, mais conhecida como Ararapira, foi uma das 21 vilas criadas pela Coroa Portuguesa do século XVIII para fins comerciais. Localizada em Guaraqueçaba, no litoral norte paranaense, Ararapira foi uma das primeiras áreas habitadas ordenadamente no Brasil e serviu de entreposto comercial até meados do século XIX. Neste período, foi próspera e movimentada graças às suas atividades. 

E como foi sua história de decadência? Tudo começou com a construção do Canal do Varadouro e a formação da Ilha de Superagui, em 1952. Como resultado, o tráfego de embarcações no trajeto Curitiba – São Paulo foi absorvido e o nível da área no vilarejo foi elevado. Ademais, várias estradas foram sendo pavimentadas no interior do país, esvaziando o fluxo de passantes em Ararapira. 

Por fim, a cidade foi tombada como Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco, em 1999, mantendo as ruínas ainda em pé. A tristeza é que casas de comércio do antigo centrinho e a Igreja Matriz vêm sofrendo intensamente com a ação do tempo. Curiosamente, o único espaço que ainda funciona é o cemitério, recebendo visitas dos antigos moradores. 

Igreja Matriz de Ararapira

Mas, há quem diga que os motivos do desaparecimento estão na disputa do território por Paraná e São Paulo, ou uma erosão surgida a partir da construção da barragem. Enfim, a cidade ainda resiste graças ao turismo. Para chegar lá, o visitante precisa contratar um barco junto a moradores da cidade, já que não existem passeios turísticos para lá. 

São João Marcos – RJ

Ruínas de São João Marcos/RJ

Produção excedente de café, desenvolvimento de vento em popa e localização estratégica às margens da famosa Estrada Real, principal via do Brasil Colônia que unia Ouro Preto a Paraty. É, mas parece que nem isso deu muito certo para manter São João Marcos, no Rio de Janeiro, plenamente viva até os dias de hoje! A cidade tinha a próspera produção de café como base de sustento, trazendo à região muitos nobres e reis no século XIX. 

A decadência começou em 1889, com a Proclamação da República, quando a cidade perdeu boa parte de sua riqueza e movimento. Em meados da década de 30, a população foi reduzida de 10 mil para 4.500 habitantes. Um suspiro de esperança veio com o tombamento da cidade como Patrimônio Histórico Nacional pelo IPHAN, em 1938. Mas, o fim de São João Marcos já estava decretado, e sabe por que?

Em 1940, foi criada a barragem de Ribeirão das Lajes, no intuito de salvar o Rio de Janeiro de uma intensa falta d’água iminente. Aí, a cidade foi destombada, as casas destruídas e a área alagada. Felizmente, o volume de água foi reduzindo aos poucos, dando chance para que a cidade – ou o que restou dela – aparecesse novamente. Em 1943, ruínas da Igreja Matriz, construída entre 1796 e 1801, foram deixadas a mostra. 

Igreja Matriz

Depois dela, cemitério, ponte em arco, calçada de pedra, e por aí vai. Por fim, já em 2011, foi inaugurado o Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos para preservar estes pedaços “reaparecidos”, resgatando a memória local. O parque está aberto para visitação de quarta à sexta-feira, das 10h às 16h, e sábados e domingos das 9h às 17h. O acesso se dá pela via Estrada RJ-149 Rio Claro – Mangaratiba.

Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos/RJ

Velho Airão – AM

Ruínas de Velho Airão/AM

A cura do câncer e outras enfermidades fatais, fauna e flora abundantes, espécie nunca antes catalogadas… Tanta imensidão na Amazônia dá origem tanto a celebrações e pesquisas, quanto a histórias, lendas e mitos. Um deles envolve a existência de formigas capazes de comer gente! Milhares delas! A situação chegou ao ponto de fazer com que os moradores de Velho Airão abandonassem a cidade! 

Sim, reza a lenda que as pessoas estavam sendo vorazmente comidas por formigas de fogo, expulsando os sobreviventes da cidade localizada às margens do Rio Negro. Será verdade? Até que formigas coexistem aos milhares na região, mas o motivo do abandono foi outro! Airão, assim como Fordlândia, teve seu desenvolvimento ligado à exploração do látex no Médio e Alto Rio Negro, prosperando durante a 2ª Guerra Mundial. 

O conflito tornou a região a principal fornecedora de borracha para os países Aliados. Quando a guerra chegou ao fim, a Inglaterra substituiu o produto brasileiro pelo malaio, uma colônia inglesa. Mais uma vez, uma cidade brasileira faliu, expulsando muita gente para a capital em busca de oportunidades. Apenas 108 resistente permaneceram na região, mas fundaram outra cidade, Nova Airão, a 180km de Manaus. 

Cemitério de Velho Airão

Ao contrário de outras cidades desta lista, a Velha Airão não tem moradores desde 1985, mas foi usada pela Marinha em 1985. Vinte anos depois, a cidade acabou tombada pelo IPHAN como Patrimônio Histórico Nacional e, graças a isso, é protegida atualmente. Mas, sabe o que mais ajuda a preservar o local? O difícil acesso, pois é necessário percorrer duas horas de barco para chegar lá!

Além do visual marcante, o visitante aventureiro pode tirar um tempo para visitar Nova Airão, cujas atrações incluem interação com botos, além da porta de entrada para os parques nacionais de Anavilhanas (segundo maior arquipélago fluvial do mundo, com cerca de 400 ilhas) e Jaú (segundo maior do Brasil e Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco). Para visitar o Jaú, é necessário obter uma autorização prévia do ICMBio.

Parque Nacional de Anavilhanas

Vila de Biribiri – MG

Vila de Biribiri/MG

A vila foi construída no século XIX, em pleno Parque Estadual do Biribiri, próximo à cidade de Diamantina. A iniciativa partiu de funcionários de uma fábrica de tecidos que acabaram partindo após o encerramento das atividades. Poucas famílias restam por lá, mas são responsáveis por manter o charme das casinhas pintadas de azul e branco. 

Fábrica antiga da Vila de Biribiri

Cococi – CE

Ruínas de Cococi-CE (créditos da imagem: Blog de Altaneira)

Em pleno sertão cearense, resiste a cidade fantasma de Cococi, cuja existência marcou o início da colonização no estado. Tudo começou com a chegada de uma família rica à região, ainda no século XVIII. O município até foi extinto, mas seguem preservados casarões inabitados e lembranças dos bons tempos. 

Antiga casa do Major (créditos da imagem: Blog de Altaneira)
Comentários (4)
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  • juraci

    Muito interessante, fico feliz em saber que existem pessoas que tentam preservar essa memoria

  • Ana Maria Pereira

    Amei conhecer as histórias das cidades! Mandei para um amigo, professor de Artes e pra uma amiga que tem uma companhia de turismo.

  • Ana Maria Pereira

    Amei a reportagem das sete cidades abandonadas. Viajei! Não sei mais o que dizer, só sei que amo estas coisas!

  • J. Alexandre

    Minha namorada Edna e eu curtimos muito esse tipo de lugares! Ainda vamos viajar muito e conhecer todos pessoalmente!